Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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sábado, 6 de março de 2010

SER MULHER (aos 52 anos!)

Começam a chegar as mensagens com os tradicionais amplexos pelo Dia Internacional da Mulher. Se todos lembrassem a sua origem não seria tão penoso agradecer pelos votos de guerreira, de rainha do lar ou de falso sexo frágil.
Aos 52 anos (em maio 53!) ser mulher fica cada dia mais difícil.
Já não temos o viço dos 20, a sedução dos 30, a beleza madura dos 40. Os anos se enrugam em nosso pescoço, engelham nossos joelhos, encriquilham nossas mãos e ficam ainda mais evidentes nos cabelos brancos que nos levam semanalmente ao cabeleireiro e que parece o amante: só nós acreditamos que ninguém percebe Sem falar naqueles que a gente não vê, mas que será visto por alguém que estiver numa posição mais favorável. A não ser que a depilação na virilha os leve juntos.
E a barriguinha avental, a dorzinha na hora de descer a escada, os seios tombados pelo patrimônio histórico da lei natural, a flacidez entre as pernas, embaixo do braço ? ihhh são tantas as diferenças.
Mas, muito mais do que as mudanças corporais, me perturbam as imperceptíveis a olho nu.
Esse ar de senhora não combina com a minha cabeça. É sempre uma surpresa me olhar no espelho. Por mais que tente, nunca acho que sou eu esse ser de cabelos arrumadinhos, sobrancelhas bem aparadas, rugas em torno dos olhos e papada crescente abaixo do queixo.
Adoro uma piada sacana, uma gargalhada bem alta, uma boa farra até o amanhecer, andar na chuva no meio da rua, uma blusinha mais decotada. Nada que se encaixe no semblante da comportada senhora de 52 anos !
Brigo com os anos que teimam em correr. Não aplicando botox ou colecionando lipos. Nego-me apenas a ficar pra trás. Talvez por isso seja uma devoradora de tudo o que signifique moderno, novo, futuro. Uma senhora que chega na segunda idade e meia com blog, orkut, msn, twitter, skyppe, GPS...
Percebo que há uma total incompatibilidade entre o meu corpo e a minha mente.
O corpo começa a envelhecer, mesmo que eu lute contra e me esforce em mantê-lo pelo menos em condições de agüentar umas seis horas na 25 de março seja esticando-o no Pilates ou movimentando-o na hidroginástica. Também tenho procurado respeitar os anos do fígado, estômago, pâncreas evitando carne vermelha, frituras e principalmente o álcool. Bebi tanto que ainda tenho um saldo para as próximas décadas. O peritônio está limpo por muitos anos.
52 anos é quase uma segunda adolescência. Não sou nova o suficiente pra cair na gandaia e chegar cambaleando em casa de manhã e nem tão velha pra não pagar a passagem de ônibus. Jovem demais para desistir de um novo amor, mas velha demais pra se apaixonar e em nome da paixão fazer loucuras.
Ahh como dói ouvir aquelas frases que já dissemos aos filhos e que agora eles repetem: - Isso é pra gente jovem. Fica horrível em você ! ou – não vai sair ? ihh ta velha mesmo !
Dia Internacional da Mulher ! Sinceramente não sei qual a mulher comemorará esse dia 8 de março !

2 comentários:

Blog do Miguel Oliveira disse...

Oi Rutinha.

Primeiro, parabéns pelo belo texto.

Segundo, uma reclamação porque teu portifólio não exibe nehuma imagem de Santarém, tantas vezes visitada por ti. Não te imagino sem uma câmera a tira-colo. rsrsrsr

Voltando ao texto.
Depois que o li, tive a sensação de que isso não acontece só com as mulheres.

Poderia parodiá-la e reescrever teu texto substituindo por outros os exemplos das transformações do corpo humano. Nós homens, embora não admitamos, passamos pelas mesmas sensações de descompasso entre corpo e mente.

Quando me olho no espelho, já não encontro mais aquele corpo magrinho, o brilho dos olhos verdes, nem mais o cabelo negro. Meu corpo se transformou, o espírito espero que tenha evolído, a mente, apesar de cansada, não cede ao desânimo físico. Continua a matar um leão todos os dias.

O tempo é inexorável, como dizia o poeta.

Fazer o quê, né amiga.

Um beijo no coração

Miguel Oliveira

Ieda disse...

Amiga,
Não esquente o cabeção, comemore todas as mulheres que estão dentro de você. Cada uma delas com histórias interessantíssimas pra contar, de momento que você viveu e vive. Fique firme, nós ainda precisamos das suas gargalhadas gostosas, do seu texto cheio de reflexão e de muitos papos regados a vários refrigerantes zero e um vinhozinho pra variar. Beijocas
IJ