Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Meu bebezão chega à Universidade




Hoje estou experimentando a sensação de que passei na primeira fase para o difícil exame de ser mãe. É uma alegria plena que quero dividir com todos. Sentimentos até então inusitados da mãe que olha a cria e percebe que suas asas já estão maduras e que poderá voar sem muito risco, sem cair de muito alto, com grande probabilidade de se machucar pouco.
Como um filme as cenas começam a ser editadas na memória. A mais longínqua, que há tanto tempo não era acessada no meu arquivo pessoal, é o momento em que recebi a informação inesperada de uma gravidez inesperada. Eu e o Manoel ficamos felizes, mas ao mesmo tempo apavorados ou quando contei ao Ivan (àquela época meu filho interino com seis anos) que seria mãe.
Agora aquele embrião é um homem careca que embora tenha só 17 anos é determinado, disciplinado. Às vezes exageradamente seguro de si e que acaba de ser classificado na Unesp e USP e ficar na lista de espera da UFSCAR.
Há seis meses o Manoel nos deixou, mas estou lhe sentindo tão próximo como nunca acontecera antes. Está orgulhoso do filho, vendo-o trilhar por caminhos que nós dois sempre desejamos, mas que a vida dura em Belém não nos permitiu. Somos de uma geração que a graduação era tudo e ao mesmo tempo muito para o padrão de nossas famílias. Mas tivemos o privilégio de trabalhar em uma instituição que valoriza e prioriza o conhecimento, a escolaridade. Onde ter mestrado ou doutorado não é a exceção, mas regra e no fundo sempre fomos meio frustrados por não termos chegado a mestres ou doutores.
Agora estamos (eu aqui e ele em outro plano) inchados de orgulho por acreditar que o Raul encara esse caminho como nós. Não estou me realizando através dele. Até porque em meus sonhos mais sonhados nunca imaginei um filho prestando vestibular para Educação Física e por opção, por acreditar que será nesta área que se realizará, por puro deleite e prazer.
A determinação dele também se manifesta nessa escolha. Até dois, três anos atrás parecia caminhar para Biologia. O que, confesso, me dava mais alegria. Talvez porque o visse no futuro como um grande pesquisador, cientista. Mas foi só conhecer em detalhes o mundo do fisioculturismo ou do Bodybuilding (para ser mais moderna !) e mudar de rumo.
Talvez tudo o que vivemos no semestre passado comece a fazer sentido, a ser explicado. As mudanças não são por acaso e se o Raul e a Anaterra sempre foram para nós o nosso objetivo maior, se para nós a felicidade e realização deles sempre estiveram acima das nossas, deixar Belém, mudar a minha história ou mesmo morrer, como aconteceu com o Manoel se justifica, faz sentido.
Foi com esse sentimento e quase certeza que o abracei e chorei quando soubemos dos resultados.
O menino que veio de Belém (Belém ? Fica no Amazonas né ? alguns perguntam por aqui !), que perdeu o pai de forma tão repentina, que interrompeu o curso no Equipe, deixou os amigos do Gentil e sem reclamar tentou se adaptar ao novo colégio. Que presenciou o pai no hospital e a mãe cheia de fios na mama enquanto fazia braquiterapia. Que ficou sem casa por uns meses...
Ufa !! agora vence a primeira grande batalha. É um universitário da USP, da Unesp e quem sabe da UFSCAR.
Meu bebezão cresceu e não apenas nos músculos...