Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Monólogos

Talvez nunca tenha ficado tanto em companhia de mim mesma como agora. Os pensamentos têm sido meus companheiros contantes que me perturbam e me confortam. Estou introvertida como nunca fora antes. Mesmo que ria e brinque, na Embrapa ou na academia, não sou mais a mesma. Minha alma está triste.
Mina caminhada é tortuosa, repleta de desvios e quando penso que encontrei o rumo, tudo desaba novamente. Navego em águas turvas, às vezes violentas que me derrubam, outras tranqüilas demais que me dão sonolência.
E aí converso, converso novamente comigo ou com quem não pode me responder. Monólogos sem respostas, de pura reflexão com meus fantasmas, mocinhos e bandidos. O Manoel também é meu silencioso ouvinte.
Converso, peço ajuda e chego mesmo a brigar com ele. Se ele não pode mais ir apanhar o Raul à noite como fazia há tão pouco tempo, rogo que ele olhe por ele lá de cima e o proteja, cuidando de nosso filho para que nada de ruim aconteça. Se ele não pode mais chamar a atenção quando a voz adolescente se altera, que ele me dê paciência para não me estressas demais e conseguir conversar e não gritar.
Muitas vezes brigo, questiono a falta de cuidado que teve com a vida. Deu pouca atenção aos avisos, brigou pouco pelo direito de viver mais e saudavelmente. Exames antigos só agora encontrados indicam que desde 2001, quando ele teve problemas sérios de saúde, seu corpo já vinha indicando que algo grave estava acontecendo. Leucopenia, plaquetas baixas demais e para ele tudo muito normal. Nada sentia, era disposto, tinha muito pique por que então se preocupar ? Poderia ter ouvido e estar aqui agora dividindo comigo essa cruz tão pesada.
Ontem foi um dia em que desabei. Chorei demais e perguntei a ele porque resolveu ir embora tão cedo e me deixar com essas duplas, triplas atribuições de cuidar de mim, procurar me prevenir de um novo câncer e ainda estar atenta a dois jovens em formação ? Não contive a raiva pelo abandono prematuro. Não uma separação de casal, mas de almas.
Como conversar com o Raul ou Anaterra sobre seguros, dívidas, venda de casa, ansiedade pelo novo trabalho ? Como explicar a eles que a mãe, sempre tão forte, agora sente-se tão fragilizada e tão só ? Minha mãe está fazendo tudo para nos ajudar, sua presença tem sido um bálsamo em nossa vida, mas também não entende o que acontece. Só percebe minhas lágrimas, ouve meus soluços ou vê meu rosto inchado.
Não tenho certeza se ele me ouve, mas preciso desabafar minha ansiedade, o medo pela demora do Raul ou por não conseguir prosseguir cuidando deles. Preciso voltar ao mastologista em Campinas, mas é tudo tão complicado. Minha carteira da Unimed terá que ser refeita, preciso aguardar; o hospital onde o Manoel fez o tratamento está cobrando mais de 170 mil do convênio, que, caso se negue a pagar, será repassada a cobrança à família. Como ?
Tenho tentado não desabar, a olhar o sol da manhã como uma benção que chega para aquecer a todos. Rezo, acendo velas, vou a missa, aceito os convites dos colegas da Embrapa (domingo passado almoçamos na casa da Joana, a jornalista da Unidade onde ficarei, em companhia de um outro colega jornalista, Jorge Reti da outra Unidade da Embrapa de São Carlos), mas como se estivesse atolada em uma lama movediça apenas me movimento levemente, mas não consigo me libertar.
Sorrio, mas logo perco-me em decisões tão complexas que afundo novamente.
Felizmente tenho ainda planos. Viagens que em breve começarão e uma grande receptividade ao meu trabalho . Estímulo que têm amenizado tanto desconforto. Confiança e expectativa de todos os lados e um seminário em outubro para marcar a minha chegada. Um temor de prazer que tem preenchido parte dos meus dias. Dias que vão se passando sem emoção, sem alegria, em música e com pouco interesse pela leitura. De pouca conversa e de um pouco de frio das frentes frias que o Sul nos manda.
Dias longos que sei, preciso de paciência para enfrentá-los e não sucumbir. Mas até quando ?

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, Ruth! Um abraço bem carinhoso p/ti; coragem, ânimo.Tenho feito preces pela tua saúde.
Doralice Araújo, em Curitiba