Hoje finalmente consegui um pouco mais de tempo para escrever, desabafar, registrar, dividir esse meu novo mundo cheio de surpresas, mudanças e reflexões.
Os últimos dias foram pesados por diferentes motivos.
Primeiro comecei a encarar com seriedade a minha monografia que ao final me dará o título de especialista em comunicação institucional. Quero aproveitar esse período de afastamento da Embrapa para me dedicar a esse projeto que começou com uma proposta de trabalhar apenas o grupo de jornalistas que integra a Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental e agora já está sendo ampliado para mais dois: jornalistas dos principais jornais de Belém e Manaus e mais os assessores de imprensa de instituições de pesquisa que trabalham com manejo sustentável da floresta amazônica. Um trabalhão que me ocupará bastante, mas sei que será prazeroso.
Tem ainda a fase de elaboração de provas para as três disciplinas da FAZ e as idas ao Hospital Ophir Loyola para acertar os detalhes da radioterapia.
Mas foi a doença do Leonardo, o sobrinho com sabor de neto, filho do meu irmão Rulton, que me perturbou mais durante esses últimos dias. A gripe, depois uma febre alta até a constatação da pneumonia. Idas e vindas a dois hospitais, mas no último sábado o quadro exigiu um posicionamento mais firme e coube a mim (de novo !) assumir levá-lo a um hospital particular. Estava debilitado, visivelmente desidratado já que tudo o que comia não permanecia em seu estômago, sem disposição, sem fome. Horrível ! O Instituto Saúde da Criança foi o que escolhi pelas referências da época do Raul e da Anaterra e pela proximidade de nossas casas. De fato ele precisava de atenção especial. Nem mesmo suas pequeninas veias suportavam uma agulha para receber a medicação. Foi furado muitas vezes e sofreu um bocado.
Ficou sábado, domingo e saiu ontem cedo. Já com outra carinha. Brincando novamente, rindo, cheio de humor e tiradas que são suas marcas registradas. Alívio !
Mais tranqüila, agora aguardo o restante dos resultados dos exames refeitos em SP e a hora de voltar a praticar um esporte com mais seriedade, além das caminhadas. Afinal, o remédio que tomarei por cinco anos (à base de tamoxifeno) é uma bomba. Os primeiros dias foram quase insuportáveis: dor de cabeça, nos ossos, juntas, panturrilhas, pescoço, ombros, enjôos, secreção vaginal em grande quantidade, sumiço da menstruação, nervosismo, cabeça rodando. Li a bula e conversei com o meu clínico geral e essas reações, assim como outras que felizmente não senti, são normais. Segundo explicações técnicas elas deverão sumir à medida que meu organismo se acostumar. Quando isso acontecerá ? quis saber. Um mês, um ano ou cinco anos. Melhor aceitar e continuar a tomar a bomba que tem como principal objetivo impedir que um novo câncer atinja minha mama.
Valerá a pena !
Quem sou eu
- Ruth Rendeiro
- Belém/Ribeirão Preto, Brazil
- Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte
Aos que me visitam
Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.
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