Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

A ENERGIA !!

Este é o quarto dia após a cirurgia. Talvez por ser segunda-feir sinto-me renovada, com uma nova semana iniciando de fato. Os três dias anteriores ainda foram confusos, de adaptação entre deixar o hospital e voltar à cama conhecida, ao cheiro meu, ao Lar Doce Lar. Se as dores persistem, embora em doses perfeitamente aceitáveis, se há o incômodo de não poder tomar um bom banho e por isso o “seu”João, o amigo e já antigo cabeleireiro é mais imprescindível do que nunca, se o soutien que lembra uma armadura quase não me dá direito aos movimentos básicos, por outro lado, só tenho a comemorar.
Estou no ápice da gangorra em que se transformou a minha vida. Ora lá encima sorridente como uma criança que aguarda a descida brusca e carregada de adrenalina; outras lá embaixo, cabisbaixa, temerosa, carregada de medo como se ninguém fosse aparecer para me colocar de volta ao topo. Tem ainda as centenas de vezes em que permaneço ali, estática, parada, o ponto intermediário. Nem alegre nem triste, apenas perdida, apática, inerte.
O medo da cirurgia, os temores com o fígado, a glicose ainda um pouco fora dos padrões (pré-diabética ? Era só o que faltava !!) fizeram-me chorar um pouquinho antes do encontro com a grande equipe que pontualmente, às 7:30h, já me aguardava. Oncologista/mastologista, cirurgiãs plásticas (duas!!), patologistas (dois!), anestesista, médica nuclear, assistentes e mais enfermeiros e auxiliares. Uma conversa rápida, uma máscara branca e amarela e de repente o sono profundo. Acordei depois de quase sete horas, já no quarto, sob os olhares apreensivos da Anaterra, Manoel e Rulton. Ainda não sabia das boas notícias, mas eles já: o lifonodo sentinela e o primeiro logo após ele, estavam negativados. Uma comemoração !! O câncer é menos agressivo e o que ainda virá deve ser mais suportável. O material retirado da mama esquerda seguiu para o laboratório e será o norte do tratamento ainda será discutido com os médicos. Cada passo é um passo nessa longa caminhada cercada de gangorras que sobem e descem e me trazem lágrimas e sorrisos.
Depois o sono, as visitas emocionantes (Ruthlene, Ieda Jucá, Érika Siqueira,Raul, mamãe...), flores, muitos telefonemas e no dia seguinte, ainda cedo, a alta.
No domingo finalmente não consigo resistir e mesmo com lentidão, acesso os e-mails e me emociono novamente. A energia que vem de tantos amigos, já manifesta de outras maneiras, é o grande diferencial. Sinto o quanto me fez bem saber-me amada, querida, protegida. Fluídos que me cercaram de uma carapaça contra tudo de ruim que o câncer poderia gerar em mim. Ele existe, é real, ainda me trará novas dores, muitos dissabores e não pode ser banalizado. Mas as conquistas, as vitórias também estão se sucedendo, uma atrás da outras.
Energias materializadas em palavras, orações, visitas em casa, telefonemas, mensagens. Não importa a forma, o importante é que eu sinto que tudo o que me foi passado por essas pessoas, a sincronicidade, a sinceridade, o carinho, o colo estão me curando.
Uma batalha vencida !
Um enorme alívio !
Obrigada por todas as demonstrações de afeto, sem elas acho que enlouqueceria !

2 comentários:

Lyl disse...

Ruth querida,
O carinho que tu recebes de tantos que te querem bem (alguns até de quem não sabias haver tanto afeto) são apenas a merecida conquista tua: assume tua "culpa"! Quem semeia amor, inevitavelmente o recebe de volta e, como as sementes, multiplicado.
Muitos beijos, amiga. As torcidas e preces prosseguem.
Lívia

Anônimo disse...

Tenho, entao, que deixar o meu oi.
Os votos, os desejos e ate mesmo as preces (voce bem sabe, nao as faco, ehehe) sao mais do que o de praxe.
Quando o pior, sim!, fica para tras eh boa a hora de respirar e sorrir. Esse hora ja bate a porta, nao? E tudo nao deve passar de uma brincadeira de mal gosto que a vida, vez ou outra, decide pregar.
Sempre torco. Sempre acredito.
Cuide de voce, tia.
Beijos.
Ivan