Agora sim... Vejo o mar. Lindo !! A perder de vista. Poucos carros ainda. É sábado, a maioria ainda trabalha. Os vendedores de caranguejo passam, sem pressa, oferecendo uma “cambada” – vários amarrados em um fio (barbante). São dez, doze, por apenas cinco reais. Gordos, fresquinhos, mas fora do meu cardápio.
A pousada simples é bem em frente à praia. Basta abrir a janela e se esbaldar com tanto azul. A poucos metros dali, a casa do Fernando e da Sandra, cunhado e irmãos da Sula, amiga de tantas décadas que faz parte da minha história, com quem dividi apartamento, participei como coadjuvante dos primeiros anos de seu filho, hoje um homem, o Ivan. Lá também estava a tia Jorgete, irmã da mamãe. Na verdade a única tia que tive de verdade.A enorme e avarandada casa também reunia muitos jovens. Um bom reduto para que o meu adolescente Raul se sentisse entre pares e me surpreendesse como um aborrecente agressivo, malcriado e cheio de vontades.
Confesso que ainda não estava pronta para lidar com um filho mais adulto, determinado e sentindo-se injustiçado e por isso injusto em suas avaliações e conclusões.
Nada do que venha dos jovens me surpreende. Fui intensamente jovem. Vivi tudo o que tinha direito, não deixei nada para depois. Mas ser mãe de um jovem é diferente.
O famoso e cantado em verso e prosa, conflito de gerações. Falamos em outro tom. O tom da sabedoria, do incontestável, do domínio. Não é conversa, é determinação. Pensamos que dialogamos, mas tudo não passa de um monólogo. Já decidimos o que é certo e o que é errado. Impossível não haver conflito.
Isso tudo se acrescente a minha sensibilidade à flor da pele. Por tudo o que tenho vivido recentemente. Pelo dito e não dito, as lágrimas parecem que estão à espreita, aguardando apenas que eu pressione os olhos para molharem meu rosto. Tudo é sempre demais. As doses são sempre cavalares. As banalidades tornam-se grandes verdades e as filigranas transformam-se em tonéis de tormentas, agigantadas pela ansiedade do desconhecido.
Não foi bom o que senti. Talvez esteja precisando mais de colo do que de explosões hormonais, mas o mundo (e as pessoas, os filhos, principalmente) não parou apenas porque estou vivendo uma etapa de minha vida complicada e querendo mais atenção, mais compreensão, mais colo.
Preciso entender que sou apenas mais uma neste imenso universo, independente da minha fragilidade atual. É o plágio a Oscar Niemeyer. Sou pequena demais diante desse céu estrelado ou dessa imensidão do mar. Quase insignificante. A minha dor é minha. Só minha. Só eu entendo a sua extensão, a sua amplitude. Só eu sei dos meus pensamentos, angústias, medos e também dos meus sonhos, planos, desejos....
Aprendi um pouco mais neste início/final de ano. Mesmo que tenha doído, mas certamente aprendi que o bebezão está ficando um homem e crescer quase sempre dói.
Quem sou eu
- Ruth Rendeiro
- Belém/Ribeirão Preto, Brazil
- Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte
Aos que me visitam
Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.
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2 comentários:
Oi Ruth,
Fiquei muito feliz em te rever em Ajuruteua...foi como se um filme passasse em minha mente e trouxesse de volta os anos dourados da universidade, do Caco e das boas risadas!
Agora visitando teu espaço sei que algo mudou- tu, rodeada de filhos e eu até de netos - mas quero te dizer que o cenário é o mesmo. Continuamos na simplicidade de quem sempre buscou a felicidade através da felicidade do outro...
Feliz 2008! E que Deus nos permita mais momentos como esses...
grande beijo!
Ruth, o meu adolescente caminha para os 22 anos, cresceu mais em altura do que em amadurecimento, doí mais na gente , sempre!
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