Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Ainda Ajuruteua

Agora sim... Vejo o mar. Lindo !! A perder de vista. Poucos carros ainda. É sábado, a maioria ainda trabalha. Os vendedores de caranguejo passam, sem pressa, oferecendo uma “cambada” – vários amarrados em um fio (barbante). São dez, doze, por apenas cinco reais. Gordos, fresquinhos, mas fora do meu cardápio.
A pousada simples é bem em frente à praia. Basta abrir a janela e se esbaldar com tanto azul. A poucos metros dali, a casa do Fernando e da Sandra, cunhado e irmãos da Sula, amiga de tantas décadas que faz parte da minha história, com quem dividi apartamento, participei como coadjuvante dos primeiros anos de seu filho, hoje um homem, o Ivan. Lá também estava a tia Jorgete, irmã da mamãe. Na verdade a única tia que tive de verdade.A enorme e avarandada casa também reunia muitos jovens. Um bom reduto para que o meu adolescente Raul se sentisse entre pares e me surpreendesse como um aborrecente agressivo, malcriado e cheio de vontades.
Confesso que ainda não estava pronta para lidar com um filho mais adulto, determinado e sentindo-se injustiçado e por isso injusto em suas avaliações e conclusões.
Nada do que venha dos jovens me surpreende. Fui intensamente jovem. Vivi tudo o que tinha direito, não deixei nada para depois. Mas ser mãe de um jovem é diferente.
O famoso e cantado em verso e prosa, conflito de gerações. Falamos em outro tom. O tom da sabedoria, do incontestável, do domínio. Não é conversa, é determinação. Pensamos que dialogamos, mas tudo não passa de um monólogo. Já decidimos o que é certo e o que é errado. Impossível não haver conflito.
Isso tudo se acrescente a minha sensibilidade à flor da pele. Por tudo o que tenho vivido recentemente. Pelo dito e não dito, as lágrimas parecem que estão à espreita, aguardando apenas que eu pressione os olhos para molharem meu rosto. Tudo é sempre demais. As doses são sempre cavalares. As banalidades tornam-se grandes verdades e as filigranas transformam-se em tonéis de tormentas, agigantadas pela ansiedade do desconhecido.
Não foi bom o que senti. Talvez esteja precisando mais de colo do que de explosões hormonais, mas o mundo (e as pessoas, os filhos, principalmente) não parou apenas porque estou vivendo uma etapa de minha vida complicada e querendo mais atenção, mais compreensão, mais colo.
Preciso entender que sou apenas mais uma neste imenso universo, independente da minha fragilidade atual. É o plágio a Oscar Niemeyer. Sou pequena demais diante desse céu estrelado ou dessa imensidão do mar. Quase insignificante. A minha dor é minha. Só minha. Só eu entendo a sua extensão, a sua amplitude. Só eu sei dos meus pensamentos, angústias, medos e também dos meus sonhos, planos, desejos....
Aprendi um pouco mais neste início/final de ano. Mesmo que tenha doído, mas certamente aprendi que o bebezão está ficando um homem e crescer quase sempre dói.

2 comentários:

Unknown disse...

Oi Ruth,
Fiquei muito feliz em te rever em Ajuruteua...foi como se um filme passasse em minha mente e trouxesse de volta os anos dourados da universidade, do Caco e das boas risadas!
Agora visitando teu espaço sei que algo mudou- tu, rodeada de filhos e eu até de netos - mas quero te dizer que o cenário é o mesmo. Continuamos na simplicidade de quem sempre buscou a felicidade através da felicidade do outro...
Feliz 2008! E que Deus nos permita mais momentos como esses...
grande beijo!

webeatriz disse...

Ruth, o meu adolescente caminha para os 22 anos, cresceu mais em altura do que em amadurecimento, doí mais na gente , sempre!