Sempre fiz de tudo para cultivar amigos. Desde muito cedo. Amigos da Conselheiro Furtado, onde morei muitos anos : Roberto, Augusto, Adilson, Leleka, Bebeto... Da época de Souza Franco: Glória, Fátima, Vanda, Nete, Zanda... Da Universidade, de A Província do Pará, jornal O Estado do Pará, Prefeitura, Embrapa e mais recente do meio pedagógico como professora e como aluna e os virtuais, presentes da Internet.
A descoberta do câncer na mama esquerda trouxe junto com o pavor do sofrimento, um cenário até então novo para mim: os amigos que não resistem a situações diferentes, pessoas que tendem a mudar diante do novo, do assustador e se mudam da gente. Há, felizmente, os que, ao contrário, diante da tempestade se aproximam, dão guarida, protegem.
A maioria permanece à distância acompanhando o desenrolar dos acontecimentos. A vida continua inalterada e sobra pouco tempo para uma proximidade maior. Pefeitamente compreensível ! Natural ...A fila anda...
O grupo dos que se afastaram me entritesce e me decepciona. Tinha amigos tão agarrados, tão próximos, desses que a gente conversa quase diariamente, que eu acompanhava "pari passu" suas vidas e eles a minha; onde reinava a confinaça plena, a confiança irrestrita . Amigos que já eram considerados irmãos. Irmãos que escolhi.
Mas eles optaram pelo silêncio, pelo sumiço. Já não sabem de mim. O fato curioso é que isso se deu depois da descoberta do câncer. Tão logo ele foi confirmado, recebi telefonemas, apoio e até lágrimas de angústia. Demonstraram explicitamente a preocupação com a minha saúde e o quanto estavam abalados. Alguns cheguei mesmo a confortar, consolar. Os dias foram se passando e os contatos diários ou semanais escassearam e muitos, três meses depois do diagnóstico, simplesmente emudeceram. Não existem mais.
Devem ter seus motivos. Racionalizo alguns: fragilidade para conviver com situações adversas, medo de me ver definhar aos poucos e deixar de ser a Ruth que conheceram ou o mais simples e comum de tudo: a amizade era frágil demais e latente apenas nos momentos felizes. Não resistiu a tempestade da doença !!
Outros, contudo, voltaram. Pessoas especiais que estavam caladas em seus cantos, mas que tão logo souberam do dignósticos retornaram, voltaram mais intensos. Uma leitura inversa: se eu estava tão bem não precisava deles. Agora não !! Quero afagos, energia, companhia, carinho e eles dizem, às vezes sem palavras: estou aqui, de braços abertos te oferecendo meu colo. Retornaram alguns que nem pensei pudesse um dia reatar os laços. Meus amigos diários e muito mais prsentes. De presente !!
E tem ainda os que chegaram junto com o câncer, principalmente os virtuais. Uma grata coincidência mora no Rio de Janeiro. Uma paraense que me conheceu na Net a partir das fotos do Círio Fluvial que disponibilizei na minha página do Orkut. Saudosa da terrinha calorenta, da nossa deliciosa cozinha, hoje é uma das presenças constantes em meu dia-a-dia. Conversamos, fofocamos, relembramos nossa infância e adolescência e isso tudo ajuda o tempo a passar, a tornar os dias menos tensos.
Como tudo na vida, a gente está sempre ganhando e perdendo. Felizmente neste escore, os que se foram são proporcionalmente quase insignificante diante dos que retornaram e dos que acabam de chegar.
Preferia, porém, que nenhum tivesse ido.
Quem sou eu
- Ruth Rendeiro
- Belém/Ribeirão Preto, Brazil
- Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte
Aos que me visitam
Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.
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2 comentários:
Ruth, li tudinho, poxa, olha s� , bem que eu gostaria de ser uma presen�a constante no seu dia a dia....nem que fosse para lhe fazer uma sauda�o de BOM DIA, quem me dera.
GOSTO DE CONVERSAR E OUVIR PESSOAS QUE TEM MUITO A DIZER. bjs anamaria
Rutíssima,
Acredite, para muitos, o dia só começa depois de uma passadinha no seu blog.
Beijim
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