Ela já foi mais bucólica, mais calma, mais bonita, mais hospitaleira, mais rústica. Mas para mim continua linda e visiá-la é sempre revigorante.
Hoje renovei esse prazer : molhei meus pés nas águas escuras de suas praias e ratifiquei o quanto vale a pena viver, o quanto a natureza é bela e como somos insignificantes diante da sua rgandiosidade e sabedoria.
Mosqueiro, a ilha distante de Belém a cerca de 70km faz parta da minha história desde a infância quando ia com a tia Jorgete passar as férias de julho. Sem ponte, um caminho entre o mato e uma demorada travessia transformavam a viagem que hoje não passa de 1h15 minutos em duas, três, quatro horas. A outra opção era o navio - o Presidente Vargas. Uma festa a cada chegada no trapiche da Vila.
Outros verões vieram, inclusive com uma casa própria que os filhos bem criancinhas aproveitaram bastante. Nós também.
É revigorante desfrutar do muito que ela oferece. As tapioquinhas feitas na hora com café fresco, peixes frescos, camarão plastificado como diz o amigo Marcos Magalhães, ahh um mundo à parte. Diferente de todas as praias do mundo !! Água doce e ondas...
Gosto de olhar aquele rio que parece um mar, as ondas calmas (às vezes nem tanto !!), a areia escura e os vendedores de camarões, siris, raspa-raspa, picolés, roscas e outras guloseimas que desfilam pela orla.
Há muito queria ir. Desde que tive o diagnóstico do câncer algo me travava de tomar a decisão de beijá-la solenemente. Talvez receiasse não estar plena para sentir o que sinto sempre quando vou visitá-la ou ao voltar, sentir algo como uma despedida.
Temei me deprimir, sentir um gosto de perda, não ter o mesmo gosto.
Não.. fui e voltei muito bem.
Pisei na areia, molhei os pés, comi peixe no tucupi, me diverti com as brincadeiras (que mais parecem brigas) dos filhos, li jornal e peguei um sol entre nuvens, mas forte o suficiente para me deixar vemelha agora.
Vi sua água, senti seu vento em meu rosto, deliciei-me com sua chuva fina que me brindou molhando meu corpo suado, amenizando o calor e amentando o prazer do reencontro.
Fiz as pazes com a bucólico. Sem tristezas nem mágoas. Apenas uma promessa de retornar logo.
Quem sou eu
- Ruth Rendeiro
- Belém/Ribeirão Preto, Brazil
- Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte
Aos que me visitam
Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.
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