Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O lado bom ...

A relatividade está aí para ratificar : nada é todo ruim ou de todo bom. É claro que não posso estar abençoando descobrir que estou com um câncer, que o fantasma da doença será meu companheiro eterno, que no transcorrer dos próximos anos posso ter outras surpresas desagradáveis, que o fígado agora desnudo é frágil e não suportará mais agressões e que não terei direito mais a alguns de meus maiores prazeres: cozinhar, comer e beber em companhia de amigos e parentes. Um acontecimento quase festivo para mim. Dizem que sou boa na cozinha que meus quitutes encantam os que já tiveram o privilégio de degustar meu arroz paraense ou minha maniçoba, o cozidão de rabada e peito(famoso entre os jornalistas mais antigos)ou um vatapá, caruru, feijoada...
Rituais planejados com carinho, embalados pela MPB, principalmente o Chico Buarque, mas que abre espaço para o Chico César, João Bosco, Tim Maia, Miúcha, Tom, Caetano... Um cardápio, como dá pra perceber, fundamentado na gordura, no excesso de caloria.
Coisas do passado ...
O ruim está em pensar com mais freqüência na morte, na mutilação, nas dores, limitações. Se ter a certeza da efemeridade, de que a eternidade não é humana como algumas vezes julgamos. O presente chama-se presente porque é um PRESENTE. Ele é a nossa única certeza. O hoje.
Não vislubrar com nitidez o futuro me angustia. Como viverei, estarei, agirei daqui a seis meses, um ano ? Ahh... é angustiante demais. Justo eu que sempre gostei de me planejar com bem antecedência. Raramente faça algo por impulso. Avalio prós e contras e só aí meto a cara sem volta.
Mas o câncer veio para me dar presentes também. E ontem recebi mais um.
Por volta das 19 horas de Belém recebi um telefonema de Brasília. O grupo de colegas que como eu integra a comissão encarregada de analisar as propostas de projeto das área de Comunicação e Transferência de Tecnologia ligou para dizer que estava sentindo a minha falta e me desejar pronta recuperação. Kátia, Lineu, Araê, Sumara, Raul e Robinson me fizeram rir, sentir saudade e acreditar que no próximo ano talvez volte àquela atividade exaustiva e ao mesmo tempo tão engrandecedora.
Nunca, em momento algum, pensei que um dia chegaria a esse topo. Avaliar o que todos os outros colegas das Unidades da Embrapa do país inteiro propõem é muita responsabilidade, mas ao mesmo tempo um grande reconhecimento. São cinco dias a cada semestre com oito, dez horas muito cansativas, mas de aprendizagem intensiva. Um privilégio ler, discutir e dividir com pessoas tão competentes essa tarefa.
Não chorei, mas senti vontade. As vozes familiares. Cada um com seu sotaque, indicando a diversidade regional na representação e a peculiaridade na demonstração explícita do seu afeto.
A Kátia doce, meiga como sempre. Irmãzona. O Lineu com a voz forte do gaúcho falando de saudade e se despedindo, já que não estará mais no grupo no próximo ano. A Sumara eufórica com o casamento, esbanjando felicidade. O Raul mais moderado, mais formal, mas sincero demais nos votos de saúde. Tem ainda o Araê, equilibrado, moderado, voz serena. O professor da turma. E o mais novo do grupo que em breve será o grande maestro : o Robinson. Amigo que desde o primeiro olhar sabíamos que teríamos uma história. O tempo só tem ratificado a cumplicidade e confiança.
Falei com cada um. Senti cada afago, imaginei o olhar e agradeci por estar tendo o privilégio de usufruir de tantas demonstrações de afeto. Colegas, amigos que construímos ao longo da vida e que agora dão seu testemunho de que o caminho trilhado era o mais viável.
Felizmente estou tendo tempo para me abastecer desse carinho...
Poderia ser pior ...

Um comentário:

Unknown disse...

Flor,
Cá estamos, eu e a Katinha, no aeroporto de BSB, com os vôos para lá de atrasados, lendo encantadas o seu Blog.
Não aceitaremos desculpas! Queremos você na próxima reunião!
Beijo estalado.
Sumara e Kátia