Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O ser intenso demais

Há cerca de 20 dias minha vida virou de cabeça pra baixo. Viagens foram canceladas (só nesse próximo mês tinha RS, duas para Brasília e uma para SP), trabalhos adiados, sonhos interrompidos (como o de começar a programar a nossa viagem em família de férias em janeiro). A agenda prevê basicamente consultas, exames e remédios. Uma rotina que nunca tive e que muitas vezes me aborrece e me apavora.
Agora é o fígado que preocupa. Pelo que pude deduzir, o hepatologista está suspeitando de uma hepatite crônica. Mais exames, mais dúvidas, mais ansiedade, mais medo.
Tento me entender e me aceitar por ser tão alarmista, às vezes pessimista, outras exageradamente otimista. A única explicação convincente que encontro (referendada pelos anos de terapia), é que sou do tipo intensa demais. Nem sempre bom. Nem sempre de todo ruim.
Sempre fui assim : exagerada !
Namorei muito (um de cada vez rss) e amei intensamente a todos. Chorei, me dei, sofri, fui feliz em todos os momentos. Nunca fiquei com alguém por outro motivo que não fosse paixão sincera. Mesmo que durasse uma noite.
Nas amizades a mesma doação. Nunca estive ocupada para um amigo. Minha casa foi, durante muito tempo, extensão da de muitos amigos. Nunca destratei algum, mesmo os que me magoaram, me decepcionaram. Tenho amigos de mais de 30 anos...
No trabalho a doação sempre foi completa. Ansiedade, insônia, doação, responsabilidade, a busca da perfeição e muito tesão pelas conquistas. Seja na minha longa jornada na Embrapa ou mais recentemente como professora ou nas dezenas de frila que já fiz por aí.
Os filhos sabem desse meu jeito intenso de ser. Preocupada demais, sargentona demais, nervosa demais, mas amorosa demais também. Sempre à disposição, mesmo que estivesse a 3 mil km de distância. Uma dor de cabeça no Raul ou Anaterra é motivo pra me tirar do sério, para não querer mais me separar deles. Sempre ao lado. Sempre !!
Não consigo ir almoçar ou jantar em qualquer lugar, comer ou beber qualquer coisa em companhia de qualquer pessoa ! Quero estar em lugares agradáveis, comer bem, tomar um chope bom e no ponto e em companhia de pessoas especiais.
Quando viajo não vou apenas trabalhar. Quero saber como as pessoas vivem, como é a cidade, o que a torna diferente das que já conheço. O jeito de falar me encanta, o de vestir é observado, a culinária é sempre testada. Não vou só a Ouro Preto ou a Rio Branco. Procuro entrar na vida dessas cidades, desses povos.
Sim, a minha intensidade é que me maltrada.
Talvez por isso esteja assim agora...
Até mesmo esta doença que chegou para balançar minha vida, tem sido tratada intensamente. Não tenho um câncer e ponto. Ele é meu e quero entendê-lo e talvez por assim sofrer mais do que se apenas encarasse como uma acidente de percurso, como algo banal que acomete milhões de mulheres no mundo.
"Tudo vai passar", "é só uma fase", "não se preocupe demais", "não encuque demais", queria tanto acreditar e exercitar essas ponderações.
Mas não consigo !
Intensamente vou ao fundo do poço e intensamente saio dele em direção à vida.

Um comentário:

webeatriz disse...

Ruth , te leio , me emociono, me imagino conversando contigo, tentando dizer palavras que amenizem a tua intensidade, mas eu sei que nem sempre as coisas funcionam assim.

Te contei não? Ontem fui fazer a ultrasonografia tira-teima, porque desde a mamografia do + recente exame periódico, um achou algo a ser mais investigado na mama direita; um 2o. exame já mandou investigar mais um cisto do lado esquerdo, e recomendou punção e biópsia.
Corro p/ "entrevistar" o Gineco (hehhehe , eu agora estou estudando e exercitando o jornalismo), me diz: que absurdo! nada a ver! mas... vamos lá , tirar a teima.
E o médico do tira-teima , amigo a ponto de me chamar de Vaninha, me diz: tá tudo bem! mas... se quisermos exagerar , podemos pedir essa punção recomendada pelo colega.

Caraca! eu passei esses dias todos antes do exame , colocando na minha cabeça que não tinha nada demais, mas nas vesperas eu até já sentia dor , de tanto K*aço!

Enfim, decidi: vou querer ser exagerada, quanto mais cedo espantar os fantasmas , melhor!