Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Enfim Belém !!

Sair de São Carlos com destino a Belém não é tão simples como inicialmente pode parecer. A mais de 200 km da capital, a viagem começa no ônibus. Felizmente bons ônibus que circulam em boas estradas. Chegar ao aeroporto de Guarulhos é outra viagem. Tudo longe para os padrões de Belém. Por isso optamos em deixar São Carlos na véspera da viagem pela Tam. Eu, Raul, Anaterra e mamãe pernoitamos próximo do aeroporto e no dia seguinte prosseguimos com os trâmites para liberação das cinzas.
Muito cansaço, muito estresse, muita expectativa.
Antes de chegar a Belém havia, contudo,uma longa parada em Brasília. Desmembrar a passagem significava reduzir os custos, o que possibilitou um jantar com a amiga Ana Laura e o filho Vinicius. Um afago antes do desembarque na minha cidade natal.
Novo vôo e um atraso de mais de duas horas, finalmente pisamos de novo em solo paraense. No aeroporto Ieda, André e sua namorada nos aguardam com a caixinha com as cinzas. Tenho que pedir perdão à querida amiga pelo que fiz ela reviver, sentir. Justo ela que foi comigo, dia 10 de maio, levar o Manoel no aeroporto quando ele seguiu para o Hospital ACCamargo. Muito latente ainda para ela aquele adeus na ambulância quando apenas os exames laboratoriais indicavam a gravidade do quadro. Mas ele ainda era o mesmo menino grande, risonho, brincalhão, moleque. Seis meses depois ela carregava consigo o pó de um homem com quem tantas vezes tomou cerveja e comeu caranguejo. Perdão amiga!!!
Chegara o momento de chegar em casa e pela primeira vez não fora o Manoel que tinha ido nos apanhar no aeroporto. Avenida Júlio César, Almirante Barroso, Primeiro de Dezembro e finalmente o bairro de Canudos... felizmente o lexotan ainda estava fazendo efeito.
Em casa Rulton, Socorro, Marcela (dormindo) e o Leonardo (acordado por nós) e cada móvel, cada quadro, cada artesanato reluzindo o nosso passado.
Sempre soube que seria difícil, mas no dia seguinte, ao acordar e ter a exata e lúcida noção de que estava dormindo na mesma cama que dividi com o Manoel, que o banheiro ainda era o mesmo, que o Timão e a Dudinha (os cachorros), o Pretinho, gatinha e Floquinho permaneciam como antes, só o Manoel não existia mais, foi duro de maiss.
Felizmente a sensibilidade da minha cunhada Socorro e do Rulton diminuíram a nossa dor. Tudo o que tínhamos solicitado que fosse passado adiante não nos esperava mais. Havia pouco de pessoal do Manoel em nossa casa. Não precisamos arrumar o quarto de quem morreu, plagiando o Chico Buarque em Pedaço de Mim.
Se as lágrimas ficaram mais contidas nesse momento, caíram livremente quando abracei a dona Ernestina, vizinha amiga que ele tanto gostava. Outros abraços viriam, outras lágrimas seriam derramadas.
Além dos preparativos para a cerimônia da dispersão das cinzas, também precisava usar essa permanência em Belém para resolver assuntos pendentes como ir ao meu médico-guru, ter um encontro com a minha analista que há anos me acompanha, contatar com a corretora de imóvel para tentar vender a casa e assim apressar a compra de outra em São Carlos, passar na Embrapa...
Raul e Anaterra, mesmo saudosos do pai, reagiram de outra forma. A idade favoreceu que houvesse um misto de festa também nessa viagem. Eles estavam retornando a Belém e tendo a oportunidade de abraçar os amigos que deixaram tão apressadamente. A agenda deles ficou intensa. Mal paravam em casa. Mesmo incomodada, foi gratificante ratificar o quanto são queridos, o quanto têm amigos.
Eu também aproveitei a ocasião para rever pessoas queridas como os que acompanharam meu drama enquanto fazíamos a especialização na Unama, conversar com calma com a minha irmã Ruthlene e minha sobrinha Thaís.
Agora era nos preparar para ir a Mosqueiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Querida, você sabe que mora no meu coração, não só você, mas toda a famíla. Tempo bom, quando o meu amigo Manoel me apanhava em casa, pra comer caranguejo e tomar umas geladas no mangueirão (a cozinha da sua casa). Beijos!!!!!!!!!!