Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A dor do crescimento

Meu mundo parece estar girando com mais velocidade, intermináveis mudanças alteram meu dia-a-dia, alteram meu modo de ver a vida, mostram-me situações, reações, pessoas que não acredita pudessem existir. Além de estar aprendendo a conviver com a viuvez, a caminhar em uma cidade completamente desconhecida e a enfrentar as mudanças climáticas comuns nessa região do País, estou vivendo intensamente emoções, experiências pessoais até então inimagináveis.
Tenho, em muitas oportunidades, me desconhecido. Já não me reprimo tanto, já não sou tão generosa, já não me perturbo com pouco e creio que, mesmo com 51 anos, descubro que posso ser egoísta, que posso olhar mais pra mim, principalmente quando o outro me ignora, me agride, me faz mal.
Sempre fui condescendente com as pessoas, procurava entendê-las em todas as suas mais complexas e aparentemente absurdas manifestações. Era privilegiada. Tinha uma família equilibrada, próxima, querida; um emprego que me realiza, grandes amigos. Estava de bem comigo e a vida de bem comigo. Foi preciso que eu vivesse as tempestades, entrasse no olho do furacão para ter um outro olhar, para enxergar o que a minha felicidade e piedade encobriam.
Pessoas queridas, que faziam parte da minha história, não são exatamente como eu as imaginava. Certamente me preferiam risonha, com um copo na mão, dinheiro fácil, almoço farto. Não conseguem perceber que estou vivendo a fase do rescaldo, que junto os cacos e me reergo. Estou fragilizada, agressiva, introvertida, exigente, carente e algumas vezes até mesmo impiedosa. Não quero mais piedade, não preciso mais dela. Preciso de amigos fiéis, próximos (mesmo que estejam a mais de 3mil km de distância), que entendam minhas explosões e até a minha agressividade. Que me amem também nesta fase e não somente quando sou “perfeita”, feliz, generosa, alegre.
Certamente sou responsável por alimentar a retidão, o equilíbrio, a eterna compreensão. Sempre os outros em primeiro lugar. Agora estou me vendo, me conhecendo e reconhecendo o egoísmo nos outros.
Minha vida mudou, eu mudei e assustada constato que muitos que estão tão próximos (ou que eu acreditava ao meu lado) nunca estiveram de fato. Rostos conhecidos, nomes familiares, mas estranhos.
Tenho buscado explicações convincentes para entender-me, para entendê-los. Certamente não existem. Sei apenas que já não sou a mesma, que já não acredito tanto nas pessoas, que não me anularei nunca mais por ninguém, que minha vida, minha felicidade, têm que ser minha meta, minha prioridade.
Meu sofrimento é só meu. Minha nova vida depende de mim, minhas escolhas também.
Como dói crescer ...

5 comentários:

Anônimo disse...

ruth,

lembrei de vc há duas semanas. a descoberta de uma leucemia dupla e aguda em um sobrinho de 16 anos foi o motivo.tento na medida do possível passar pra mãe do arthur a tua história e como é importante ter esperança, fazer e acontecer.cresceer, sofrer de novo, crescer.tua luta tá mais perto de mim do que nunca.bj.

Andrea Zoli disse...

Olá Ruth.
Estava pesquisando e te descobri. sou aluna de jornalismo em SP e estou fazendo uma matéria sobre jornalismo Ambiental, como sei que viveu durante vinte anos na Amazônia, gostaria de saber a possibilidade de conceder-me uma entrevista.
Segue meu e-mail: andrea.zoli@hotmail.com
Obrigada e força sempre.

Anônimo disse...

Ruth, querida amiga, as mudanças acontecem...você vivia em um “mundo” e hj vive em outro. Era de se esperar mudanças de todos os tipos, climáticas, emocionais, pessoais, e até inimagináveis. Hoje vc até precisa ser um pouco egoísta, olhar mais pra você em todos os aspectos, o que até então não fazia. A condescendência de antes, era em virtude das circunstâncias de outrora, antes das tempestades.... Infelizmente são nestas ocasiões que descobrimos aquelas que irão fazer parte de nós... O importante é que quando foi preciso elas estavam lá.. e aquelas que hoje você precisa estão no momento adequado. A vida é isso amiga. Não fique com o coração amargurado, seja sempre a pessoa corajosa (apesar de achar que não é),alegre/sorridente quando for o momento (os momentos tristes passam) seja agressiva/explosiva se necessário for, afinal você é um ser imperfeito, quem não o é?!
Lembre-se Ruth, vc não está só, além de sua mãe, seus filhos, familiares enfim, vc tem a Deus, aquele Pai que não abandona os filhos, e amigos, sim...pq é nessas horas difíceis que o encontramos, mantenha a serenidade....é arduo mas mantenha, por vc mesma e pelas crias.
As mudanças são assustadoras...doem mas elas passam e chegamos a um consenso.
Não se arrependa de antes ter sido muito condescendente, vc estava e era como tinha que ser...
Vc está sempre em minhas orações!
Um abraço bem apertado e um bj no seu coração
Jesus Cruz

Anônimo disse...

Oi Ruth, apesar do nosso pouco contato, tenho vc como uma pessoa muito próxima. É o exemplo que sempre uso quando falo para as pessoas sobre uma pessoa forte e sensível porque se revela tão humana. E é por isso também que acredito que, mesmo que você ache que não, você é sim uma pessoa corajosa e de bem com a vida, com a vida que já viveu e traz experiências marcantes, e de bem com a vida que está vivendo e que vai viver sempre aberta a novos horizontes. E cada momento terá suas alegrias e outros sentimentos, não tenho dúvidas, mas o mais importante é como passamos por eles , o que escolhemos para priorizar. Concordo com você "minha nova vida depende de mim, minhas escolhas também", E a sua clara escolha é a vida! E tenho certeza, (como nos inspirou Gonzaguinha) que embora saibamos que a vida poderia ser bem melhor (e será) podemos fazer dela sempre mais bonita, e bonita, e bonita! Um forte abraço! Síglia Regina (de Manaus-AM)

Unknown disse...

Olá,

A vida é mesmo uma montanha russa: com altos e baixos, porém com muitas emoções. Expresse todas, não reprima nenhuma. Faça o bem a você mesma e assim estará fazendo também para os que estão ao seu redor.

Beijos !