Uma nova aos 50 anos, quando já passamos do meio-dia, como diz um amigo virtual, parece tão difícil. Os temores são muitos, as responsabilidades têm uma dimensão exagerada se comparada com a visão simplista dos jovens que nada temem e em tudo acreditam. Porém, não tenho opção ou melhor: tenho o privilégio de trabalhar há quase 25 anos
Incontestável a descoberta ingrata e frustrante de que a minha querida Belém não tem condições de tratar doenças mais complexas com dignidade e tecnologia. Lamentável ter que deixar tudo o que construímos em busca de mais alguns anos de vida com qualidade e acompanhamento médico digno. Felizmente, temos encontrado apoio onde já esperávamos, já sabíamos que existia, mas que nem por isso tem deixado de nos surpreender. É como se um batalhão de pessoas estivesse nos protegendo, nos guardando, nos trazendo o que de melhor existe para atenuar esse momento. Dos mais altos escalões, que envolvem pessoas da Sede da Embrapa em Brasília, ao mais humilde colega da Unidade de Belém as manifestações se multiplicam. Não são apenas palavras, mas gestos que incluem doações de novas milhagens para que essa despesa com passagens seja minimizada; informações sobre as Unidades sediadas
Sair de Belém, uma cidade que para muitos que moram no eixo Centro-Sul-Sudeste é quase o fim do mundo, e ser acolhida e reconhecida pelos colegas da Embrapa que estão sediadas no Estado mais rico e desenvolvido do País, é algo que nunca havia pensado
Meu tempo é outro, meu mundo agora inclui e prioriza hospitais, médicos, exames, remédios e muita insegurança, muito medo.
Minhas necessidades são outras. É óbvio que não cogito parar de trabalhar, me aposentar, deixar de ser produtiva e atualizada e a Embrapa me permite isso, investe e nos dá a chance de estarmos à frente em nossa área, mas quero paz, quero tranqüilidade para me reorganizar, para recomeçar e São Carlos, a cerca de
Tudo tende a ser diferente, tudo tende a ser uma nova oportunidade.
O que visualizo é uma rotina de maior dedicação aos filhos, a mim, à saúde, ao marido e ao trabalho. Aos poucos tudo vai se encaixando, fazendo sentido. Ir para Campinas, a segunda opção, não é o que busco, pelo menos agora. É uma cidade grande como Belém com as vantagens e desvantagens de ter mais de um milhão de habitantes. Tentações intermináveis para um rapaz de quase 17 anos e uma pré-adolescente. Violência demais para uma mãe nervosa e frágil que ficará distante dos seus e de tudo o que significa segurança. Bem sei que lá encontraria uma diversidade maior profissional e alguns convites além-Embrapa já tinham sido feitos, possibilidades de uma capacitação mais direcionada às áreas que atuo e tenho mais familiaridade dentro da Comunicação, mas agora não.
Já estou conhecendo São Carlos pela Internet, contatos já foram mantidos e a receptividade tem sido boa demais. Um estímulo que faz a diferença. Uma cidade calma, “a capital da tecnologia” como ressalta o slogan e uma perspectiva de me encontrar e de estar mais perto do que há de mais atual para tratar a minha saúde e a do Manoel.
Tenho muito ainda a resolver, mas a solidariedade dos amigos e familiares tem permitido que a angústia e o cansaço sejam minimizados. O Rulton me ajuda na venda do carro, a Ruthlene leva a Anaterra na escola, a Ieda me telefona e me dá colo, a Vanessa e a Ana Helena me apanham em casa, a Gisele despacha material, a Dóris, incansável, sai de Leme para ficar com o Manoel
Dia 13 de junho será inesquecível nesse nosso sombrio calendário. Depois de analisar a compatibilidade de todos os irmãos, a boa notícia: a Dé (ou Ana Maria), é 100%compatível e no caso de transplante de medula será a doadora. Uma graça, mais esperança, mais uma batalha vencida. Mas ontem também foi um dia difícil. Pela primeira vez, desde que está em SP há mais de um mês, o Manoel passou mal. Cansaço, fraqueza nas pernas, indisposição generalizada e um forte abalo no humor, na esperança. Dormi preocupada e quando o sol ainda nem nascera já estava telefonando, querendo notícias. À noite imaginara comprar uma passagem e amanhã estar
Sei apenas que quero estar ao lado dele com nossos filhos nos apoiando e com certeza e fé em Deus, recomeçando aos 50.
2 comentários:
OI, meu nome é Juarez e li atentamente. Tenho hoje 46 anos e a 2 anos me separei da minha esposa com quem tenho uma linda menina de 13 anos que é a coisa mais importante da minha vida. Sei que pode parecer estranho ,mas quando me separei (vontade dela), perdi também o emprego pois trabalhava com ela em seu escritório de advocacia. Trabalhei durante todo o período de faculdade pois quando iniciei, fui trabalhar com ela imediatamente. Me forme em direito e tão logo conclui o curso, nos separamos. Daí então não tive mais cabeça para nada e não consegui a aprovação no exame de ordem que me habilita a trabalhar por três vezes. Desde então sou só depreção e baixa estima e não consigo trabalho pois no meu currículo tem uma lacuna de 6 anos fora do mercado de trabalho.
Sua história é genial mas não vejo como posso repeti-la. Sem trabalho fica difícil levantar e até mesmo alguém estender a mão.
Boa sorte pra você.
Bjs.
Desculpe o erros principalmente o "depressão" que escrevi com "ç". Que burro. Desculpe.
Postar um comentário