Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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domingo, 8 de junho de 2008

As primeiras despedidas

A partida é inevitável. Iniciar um outro ciclo imprescindível. Abdicar de muito do que se construiu necessário. Decisão tomada, o momento é de operacionalizar, tentar colocar em prática cada etapa e não se deixar sufocar pelo calendário apertado, pela confusão material e mental.

Malas sendo arrumadas e a difícil opção sobre o que deixar e o que passar à frente. Temos muitas lembranças espalhadas pela casa. Lembranças que marcam passagens significativas de nossas vidas. Eu, principalmente, que sempre gostei de trazer dos lugares por onde já andei algo que o marcasse, guardar como uma relíquia bilhetes, presentinhos com tanta história, retratando momentos e pessoas, agora me vejo obrigada a deixá-los para trás. Temos muitas recordações de amigos queridos que nos presentearam em diferentes momentos de nossas vidas. É preciso reduzir, selecionar, não supervaloriza-los.

A opção prática de como não perder e ainda ganhar foi montar um bazar. O bazar da despedida. Roupas, sapatos, bolsas, eletrodomésticos, móveis e mais um monte de outras coisas serão oferecidas aos amigos a preços quase simbólicos. Precisaremos de dinheiro para nos estabelecer no novo cantinho e paradoxalmente necessitaremos de tão pouco... Muito ficará esperando a nossa volta. Muito jamais teria coração para passar adiante. Móveis de sucupira maciça adquiridos na cooperativa de artesãos de Ponta de Pedras que me acompanham há mais de 20 anos. Uma das minhas primeiras aquisições ainda solteira, quando resolvi fazer a minha vida longe da família. Quadros que não têm grande valor em uma pinacoteca, mas que simbolizam emoções como o que retrata o Círio de Nazaré, presente do Manoel em um dos meus aniversários. Meus CDs originais, caros, queridos. Incontáveis livros e muito artesanato presenteados por pessoas especiais. A parede com dezenas de fotos em preto e branco, muitas com mais de 60 anos, será mantida literalmente. O Rulton, meu irmão, que ficará com o Leonardo, Socorro e Marcela em nossa casa durante essa ausência sem data marcada para voltar, cuidará desse patrimônio pessoal, dessas relíquias de preço inestimável.

Antes da arrumação do que vender, deixar, levar, andei ontem pelas ruas de Belém com o pequeno Leonardo e a Anaterra. Muitos metros, sei lá quantos quilômetros da Conselheiro com a José Bonifácio até o Colégio Gentil, na Magalhães Barata, o túnel de mangueiras amenizado o forte calor. Fui reproduzir o pequeno cartaz, que está aí ao lado, para começar a divulgação do bazar. Criei, sem nenhuma pretensão maior, algo simples e objetivo, que consiga atrair o maior número possível de pessoas a nossa casa, no dia 15 (domingo próximo). Alguns certamente o acharão patético, melancólico, triste, desde o nome. Bazar da Despedida. Mas é de despedida !! Por que buscar eufemismos ? Estou me despedindo de Belém e mais do que isso: me despedindo de tudo o que será colocado à venda.

A cadeira no canto da página que não agradou a colega Vanessa, designer da Embrapa, foi defendida por mim como simbologia da espera paciente pelos futuros acontecimentos, o novo que se apresenta à frente com um horizonte a nos aguardar, o lugar vazio, mas pronto a ser preenchido. Não foi aleatória...

A tarde inteira foi dedicada ao bazar, selecionando, dando preço e arrumando o que será colocado à venda. A Anaterra, como sempre, ao lado, ajudando, participando efetivamente. Dolorido, mas sem pesar, sem sofrimento. Cada peça um adeus. As primeiras despedidas.

Eu, Anaterra e Raul temos imaginado um novo canto, na cidade que ainda não sabemos exatamente qual será, como um espaço pequeno, simples, mas aconchegante. Com muita flor, cores vibrantes, alegres. Algo moderno que contraste com o meu quase museu em Belém. Talvez inconsciente eu queira lhe dar um aspecto de provisório. Comprar e vender pouco, o essencial e rapidamente. Sem apegos maiores, apenas como utilidade. E assim deveria ser. O que permanece em nossa alma são lembranças, são marcas que independem de lugares, são recordações que entranharam em nós. O que está materializado é simbólico, apenas aguça a memória.

Iremos, mas ficaremos ...

2 comentários:

Soraya Pereira disse...

Ruth,
Eu queria ter 10% da sua força e coragem. E a tua família? Pense num povo de fibra!!!!!!
Tenho colocado sua família nas orações do grupo de estudos bíblicos daqui da Embrapa e na missa aos domingos.
Se precisar de mim, já sabe... O Catete te espera de braços abertos!
beijocas, querida!
Soraya

RENATA disse...

Querida amiga..
Nw estarei ai domingo em carne e osso mas estarei em pensamento te desejando otimas vibrações para que seu bazar seja um sucesso e que tudo certo..um grande beijo!!