Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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quarta-feira, 16 de abril de 2008

Quase indo ...

Parece ser irreversível: tenho que deixar Belém e fazer a radioterapia em outra cidade. Conversei com muitas pessoas, tentei ouvir opiniões diferentes e a conclusão é a mais assustadora possível, mesmo que extra-oficialmente : tão cedo não entrarei na lista dos pretendentes ao tratamento. A demanda é grande e os casos graves têm prioridade. Médicos, amigos (os virtuais e presenciais), familiares têm sido unânimes: vai !! Muitos são enfáticos e até exemplificam: conhece alguém, da classe média, que tenha ficado na cidade ? O aeroporto ainda é o nosso melhor hospital para os casos mais complexos.
Lamento muito. Não queria deixar Belém, os filhos, a mãe, o marido, os alunos, os sobrinhos, mas a busca pela cura me obriga. Sinto-me uma fugitiva, que desiste da luta e por comodismo pega um avião e se abriga nos mármores paulistas. Alguém que vira as costas para o que é meu de fato em troca do que é bom no outro. Uma pessoa que se alia aos que silenciam e se omitem porque podem ir, porque têm como ir. Mas não tem outro jeito...
Sei que será difícil ficar o dia das mães, meu aniversário distante do meu canto. Sei, já antecipadamente, que vou chorar, sentir falta dos filhos e da mãe, principalmente; imaginar o que estará acontecendo em casa naquele momento, mas há pessoas queridas do outro lado também. Tenho recebido tanto carinho de colegas da Embrapa e outros com quem mantinha contato apenas por motivos profissionais que tenho a certeza de que não ficarei sozinha um só dia. Ofertas de locais para eu me hospedar, apanhar no aeroporto ou ir à clínica não faltam. A Sumara, da Embrapa Agroindústria Tropical que está fazendo mestrado na Unicamp, prometeu que me verá todos os dias. Não sabe se na clínica, no hotel, no shopping, no restaurante, na universidade, na Embrapa, mas irá diariamente me dar um cheiro. Nem precisa ser verdade. Só essa demonstração de amizade já me basta !
Estou me organizando também para adiantar minha monografia que deverá sofrer uma mudança radical e como o desafio será ainda maior, espero contar com a ajuda dos colegas da Unicamp; devo ir a São Paulo para uma reunião da diretoria da Associação Brasileira de Jornalismo Científico, conhecer todas as unidades da Embrapa daquela região; comer picadinho com farinha d’água e molho de pimenta de cheiro no tucupi com o Ruy, a Doris e a Ana Júlia em Leme; com sorte assistir um show do Chico, andar pela Paulista... Estou me preparando para as radios e para aproveitar esses momentos para estudar, conhecer novas pessoas, crescer e crescer e crescer
Ahh e as dores ? Ontem fiz o exame e contei com o apoio, neste momento, de uma das mais solidárias amigas desta fase da minha vida, a Ieda Jucá. Saiu correndo do trabalho e foi me dar colo. O exame foi a tal ultrassom vaginal, aquela que a gente fica em uma incômoda e constrangedora posição, pernas bem abertas e com algo lá dentro aguardando o médico chegar. Felizmente era um belo e jovem médico, atencioso, educado, paciente que fez de conta que estava aceitando aquela minha cara de paisagem. Como ignorar que um microcâmera está passeando dentro de você, introduzida pela vagina, pelas mãos de um homem e você ali, se fingindo de morta ?
Depois de mais essa experiência, pelo menos uma boa notícia: nada no útero ou ovários. A não ser os miomas que já fazem parte do meu ser há muitos anos. Tímidos, omissos e até então inofensivos. Sugeriu que poderia ser algo como gases, perturbação gástrica e uma automedicação me deixou novinha logo em seguida : esparmo luftal e nem parecia a mesma desses últimos dias.
Dei aulas até quase 11 da noite, bem disposta. Acordei cantando e depois brigando e não parei um minuto até então. Daqui a pouco tem o aniversário da Socorro, minha cunhada e da Marcela, a sobrinha torta, como dizem. Vou comer o bolinho que a mamãe está fazendo, abraçar o Leonardo e depois dar mais aulas.
Voltei à normalidade !

2 comentários:

RENATA disse...

Vc nw imagina como fico feliz em saber que vc esta melhor e mais aliviada..sei o quanto vai ser duro ficar esse tempo todo longe da familia e dos amigos...principalmente no dia das maes e no seu niver...mas quando estiver de volta pra sua casa o que vc acha de fazer uma bela festa e comemorar...comemorar o niver que passou ...o dia das maes tambem e o mais importante comemorar mais uma fase da sua vida que foi superada..ah e quem sabe quando vc estiver aqui a gente nw combina um churrasquinho ou algo do tipo..afinal fazemos niver bem proximas ne..bjs no coração!!

Unknown disse...

Ruth, não se sinta constrangida por buscar melhores opções para a sua saúde. O constrangimento deveria ser do governo, incapaz de proporcionar a todos os brasileiros um sistema de saúde mais eficiente, mais justo.
Não se sinta covarde por não insistir no que no momento não pode ser mudado. Mudança exige coragem, e com o tempo, vc totalmente curada, quem sabe vai poder ajudar de alguma forma essas pessoas tão sofridas de sua linda e sofrida terra?
Um grande beijo.
Isa