Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Voltando à rotina

Agora que o período de comprar presentes, escolher a roupa branca, arrumar e desarrumar as malas passou, pouco a pouco a rotina se apossa de nós. Já não tão novo, 2008 começa para mim com novos exames médicos. Uma ultrassografia do fígado, um monte laboratorial e a antiga “chapa do pulmão”. Embora não tenha os laudos definitivos na mão, o que ouvi do radiologista foi prenúncio de um novo ano mais saudável: meu fígado está totalmente regenerado, novo em folha. Mereci até elogios por ter conseguido um auto-controle invejável mesmo com tantas viagens (Brasília, Pirinópolis, Ajuruteua) festas, confraternizações.
Acredito que em breve, finalmente, será marcada a nova cirurgia. Aquela que fará a pesquisa nos lifonodos, a que avaliará o grau do meu câncer, a que definirá o tipo de tratamento que farei. É que existe uma grande diversidade de tratamentos: a quimio vermelha, a amarela, a branca; número de sessões; tipos de aplicação e o que mais me assusta: as mais diferentes reações. Efeitos colaterais antagônicos.
Há pessoas que ticam tão debilitadas que precisam ser hospitalizadas. Outras, contudo, tomam e saem caminhando e só não vão ao shopping porque são proibidas pelos médicos. Após uma quimio, com a baixa imunológica muito acentuada, contato com multidões só depois de alguns dias.
A espera pelos resultados me dá mais uma semana livre e que pretendo utilizar viajando. Espero conseguir sair de Belém, ir conhecer trabalhos interessantes de jornalismo ambiental e esperar o dia da hospitalização chegar. Estar em atividade me ajuda a não pensar na anestesia, no pós-operatório, na mutilação, na plástica e depois nas quimios, rádios etc...
Preciso ocupar a mente e o corpo. Cansá-los saudavelmente e dessa forma não me estressar, não me aborrecer e continuar acreditando que isso é só uma fas. Tenho repetido com muita freqüência a muitas pessoas que já me sinto outra pessoa. Na verdade, as pessoas mais próximas e observadoras já perceberam essa mudança. A minha cunhada )Dóris)que mora em Leme (SP) disse que estou mais... mais... mais ..
Pode ser.. Deve ser...
Sinto-me privilegiada por estar tendo uma outra oportunidade, talvez a mais importante da minha vida. Sinto-me mais apegada a ela, querendo desfrutar de tudo o que deixei passar, ser ainda mais intensa ao viver, não deixar que tão pouco ocupe espaço do tão importante, do essencial.
O trabalho, as viagens a trabalho, o novo calendário, as pessoas retornando a seus postos. O mundo volta à normalidade.
No quarto, a pequena sacola se mantém arrumada há três meses. Camisolas abertas na frente, desodorante, sandálias baixas, calcinhas novas e confortáveis, colônia. Tudo à espera do dia em que finalmente voltarei ao hospital.
Que não demore muito....

Um comentário:

Unknown disse...

Vivi 3 anos em Angola, cheguei no Brasil em fev/08. Tenho 34 anos. Desde que aqui cheguei tenho enfrentado muitas barras difíceis. A minha mãe já estava me esperando pra fazer uma cirurgia no pé, na verdade ela fez 2 em menos de 1 mês. Eu fiquei cuidando dela o tempo todo. Quando ela começou a se recuperar, a minha vó de 92 sofreu um AVC e de uma pessoa independente passou a ser dependente totalmente dos nossos cuidados. Eu já havia sentido nessa época que eu tinha um nódulo no meu seio. Mesmo preocupada, preferi cuidar da minha vó pq ela ficou cega, deixou de andar e era dependente em tudo. Depois de 3 meses cuidando dela, ela veio a falecer dia 24/08. Uma semana depois fui no meu médico e ele marcou a retirada do nódulo, mas sempre muito otimista de que poderia ser um fibroadenoma. Porém, 1 semana depois veio o resultado: CDI em 1º grau. Imagina a minha reação e a da minha família, ter perdido um ente querido e eu agora com essa doença. Após ter retirado o nódulo de 1,00 cm apenas, bem no início mesmo, eu realizei todos os exames de rotina pra ver se não houve metastase e graças a Deus, todos deram negativo. Mas ainda sim era preciso fazer o linfonodo-sentinela e quadrantectomia. Mais uma vez Deus estava comigo e o sentinela deu negativo. Durante as congelações da margem de segurança tb deram todas negativas. O Senhor não permitiu nem a retirada do meu seio e nem das próteses que eu uso. Agora tenho que começar a fazer radio + quimio. A radio eu já sabia que teria que fazer, mas a quimio? Poxa! essa me abalou mesmo. A quimio eu só vou fazer por excesso de zelo do meu irmão que é médico e de toda a equipe médica que são amigos meus e estão acompanhando o meu caso. Tenho muito medo das consequências da quimio em mim. Sou vaidosa, tenho um cabelo lindo até no bumbum e pensar que em pouco tempo já não o terei é assustador. Tenho medo dos preconceitos na rua, não sinto vontade de sair de casa, mas o mais importante é que eu fui curada completamente por Deus! Isso é maravilhoso! Só peço a Deus que Ele me mostre o porquê de estar passando por isso, se é pra testar a minha fé, então eu agradeço a Ele porque eu sou forte! Se é pra testemunhar ao seu milagre, Glórias a Deus porque eu vou ser testemunha viva da cura Dele em mim. Peço a Deus que conforte o meu coração e me console, me dê forças pra seguir com o tratamento de cabeça erguida. Porque eu sou muito nova, tenho uma filha de 12 anos que precisa de mim e eu ainda quero muito encontrar uma pessoa pra amar e para ser amada também.
Beijos e conforto em Cristo a vc e família!
Charlizze
Meu email se vc quiser compartilhar suas estórias: kikinha2008@hotmail.com