Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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sábado, 24 de novembro de 2007

O Ver-o-Peso

Aquele espaço com cheiro característico, amontoado de gente de diferentes origens, suadas, restos de frutas e verduras que viram lixo. A diversidade amazônica exposta, explicitamente arreganhada e que sempre me apaixonou.
Gosto de ir ao Ver-o-Peso, a feira cantada em verso e prosa pelos paraenses que chegam a afirmar que ela é a maior a céu aberto da América Latina.
Nem me importo se não é...
Tudo bem que temos que estar sempre alertas, ser assaltado é um risco constante e escorregar caindo no meio da sujeira também. Tem ainda os desonestos disfarçados que roubam no peso e na qualidade do produto. Mas o lugar é único.
Quase todos os sábados passo por lá. Vou, principalmente, comprar peixe. Agora só filhote, pescada amarela, pirarucu ou tambaqui. Antes, extrapolava : tamuatá para ser degustado no tucupi; pratiqueira para ser bem fritinha e servida acompanhada de feijão grosso. Tem ainda a gó, mapará, pescada branca, dourada, sarda...
A cada sábado descubro um novo lugar, vejo com um novo olhar o que há anos meus olhos já conhecem. O pu-pu-pu que passa sem pressa pela baía de Guajará levando os ribeirinhos de volta pra casa. Amanheceram na capital trazendo seus frutos e verduras. Ou encontro uma nova peça de artesanato em exposição. Linda, diferente, encantadora.
Nas compras, além de muito peixe, as frutas. Algumas que só encontramos na confusão organizada do Ver-O-Peso. Banana inajá (lembra Fernando Jares ?), jambo rosa, fruta-pão, abricó, mangaba fresca, jaca manteiga, cajarana, sapotilha, ingá.
Jambu em abundância, pimenta-de-cheiro, tucupi, cariru, macaxeira, plantas e mandingas que curam, que atraem bos fluidos e afastam mal-olhado. Aumentam a libido, arranjam emprego e até marido.
No alto, a voar livremente os urubus, que inutilmente tentam dar vencimento à enorme quantidade de lixo. Comida em abundância.
Os mesmos da música do Antonio Carlos Maranhão : "e os urubus famintos anjos negros, cansam do céu e vêm a lama descansar. E a noite vem em lua nova ou lua cheia e lá nos galhos das mangueiras, voam pra se agasalhar".
Tantos sabores, tantas cheiros, tantas cores...
Volto suada, melada e revitalizada pelas delícias adquiridas e pelo prazer de me redesrobrir paraense.
Uma papa-chibé autêntica, cara redonda, nariz de batata e orgulhosa dessa terra com todos os seus dissabores, escândalos e injustiças.
A Belém do Ver-o-Peso !

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