Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Mãe Belém

Mais um ano que não participarei de teu aniversário, minha caliente Belém. Justo eu que durante anos fiz questão de comparecer às mais diferentes comemorações que marcam os dias 12 de janeiro. Pode acreditar: cheguei mesmo a comer um pedaço do bolo - de sei lá quantos metros- no prato de plástico numa grande algazarra bem pertinho do mercado de ferro do Ver-o-Peso.
Como uma filha desgarrada, que parte, mas nunca esquece da mãe, te busco um outro colo materno e aos poucos vou me sentindo confortável e acolhida. Ribeirão Preto tem o mesmo calor que já conhecia de ti. Se não usufruo mais das tuas mangas a caindo aos meus pés, com um pequeno esforço colho uma goiaba ou uma jabuticaba também das ruas. Se não tenho o tambaqui que muitas vezes foi a atração principal do almoço entre tantos amigos, sempre que posso asso um pacu e de novo me recordo de ti. Piqui não é piaquiá, mas eu gosto assim mesmo e se a farinha não é a baguda torrada abundante em tuas feiras, serve a d’água do Nordeste que passei a ser consumidora contumaz no mercado municipal onde ainda compro carne seca, queijos, camarão e até caranguejo.
Não é tristeza o que sinto. Apenas lamento não estar aí no teu aniversário e como uma filha saudosa te cobrir de beijos, ignorando teus incontáveis problemas, teu abandono pelos que deveriam cuidar de ti ou o sofrimento de outros filhos que padecem da carestia que vai da saúde à educação; do transporte à segurança. Como filha, te vejo fragilizada ao te transformares em manchete nacional de sequestros, prostituição infantil ou falcatruas que empobrecem mais e mais teu povo. Mereces ser destaque por outros (e bons !)motivos.
Sinta-se abraçada , porém, por essa filha que gosta de ver a chuva bordando a baía de Guajará com contas multicoloridas; de sentir o suor escorrendo pela testa enquanto saboreia um quentíssimo tacacá aos 35ºC ou que apenas conta os dias para outubro chegar e ir se banhar de fé.
Distante, mas presente e que como qualquer filha perdoa teus deslizes, teus representantes, teus exploradores, eu tenho a certeza de que em meu último suspiro hei de dizer: - Ahh como eu te amo muito, Mãe Belém! 

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