Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Picanha com feijão em Londres

Quantas vezes já passei semanas sem comer feijão e meses sem uma picanha? Perdi a conta. Mas foi só sair do Brasil pra saudade bater antes mesmo de completar uma semana. O provável estímulo deve ter sido o que comi nos quatro primeiro dias no País da Rainha: macarrão com um molho estranho e aguado de mostarda; hambúrguer com batata frita e pão e risoto de molho indecifrável.


Jantar ? nem pensar ! O preço impeditivo em libras nos conduzia a uma mistura de minimercado com cafeteria, padaria que oferecia sanduíches e um café duplo por cinco libras, ou seja, “apenas” 15 reais, bem em frente ao hotel.


No quarto dia perguntamos a um italiano que tentou nos empurrar todos os produtos que vendia em um quiosque no meio de uma galeria, talvez percebendo nossa origem sulamericana, para eles quase seres de outros planetas e certamente desprovidos de inteligência mínima, onde comer uma carne. Brasileira? Quis saber ? claro !! claro !! respondemos eufóricas eu e minha filha. É só andar duas quadras, dobrar a direita e verão a bandeira do Brasil pendurada na entrada. A nossa bandeira ? que emoção !! Deu uma vontade de beijá-la e explicar aos pedestres apressados que aquilo ali era um pedacinho do meu País.


De fato lá estava ela. Linda, tremulando ao vento gelado londrino. O restaurante era simples, mas acolhedor. Dez mesas, não mais do que isso. No ar o cheiro de churrasco e no bufê feijão preto, feijão carioquinha, farofa, pimenta baiana, maionese de batata, arroz branco, batata frita e carnes à vontade no rodízio. Não podia acreditar! Alcatra, sobrecoxa de frango, calabresa, carneiro e a suculenta picanha com a gordura tostada ao ponto. Por alguns minutos achei que estava em Ribeirão Preto onde existem churrascarias fantásticas.


O proprietário era um ex-guia que diante de tanta curiosidade de minha parte, contou que o lugar era freqüentado basicamente por turistas brasileiros ou ingleses que um dia conheceram o Brasil e se apaixonaram pelo nosso churrasco. “Os que vivem aqui não aparecem. Preferem se achar londrinos”, fez questão de comentar com certo ar de desprezo. A carne vem da Austrália e às vezes do Brasil. “O boi daqui não produz carne pra churrasco”, garantiu.


Em uma mesa dois jovens brasileiros que começavam uma amizade com um terceiro bem mais jovem que falava para todos ouvirem que estava em Londres pra estudar. Orgulho explícito e latente. Na mesa em frente uma grande família que pela conversa e depois que me aproximei confirmei, morava em Rondônia. Falavam em JiParaná, Vilhena, Ouro Preto D!Oeste cidades que conheci quando trabalhei na Embrapa. Estavam passeando e fizeram o percurso inverso ao nosso. Primeiro foram a Portugal e Paris e estavam terminando por Londres.


Comemos tanto que mal podia respirar. O fôlego só veio mesmo quando chegou a conta. Cada refeição custava18 libras, ou seja, algo em torno de 55 Reais por pessoa e eu que achava que uma das melhores churrascarias de Ribeirão era cara. Lá o casal paga 50 com direito a sobremesa e uma variedade enorme de carne que vão do cupim ao coração de frango; da maminha à costela de porco ou da costela bovina à capivara.


Sabe qual a principal diferença? Estávamos a alguns passos da chiquérrrrima Oxford Street !

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