Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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domingo, 17 de outubro de 2010

DR. ALMIR

Acabo de chegar de Belém. Foram dez dias intensos. Muitos encontros, algum trabalho, muitos abraços e a constatação de que pouco mudou desde que deixei a terrinha há mais de dois anos. Entre tudo o que mais me impressionou foi ver a cena que marcou o apoio do DR.ALMIR à candidata ao Governo do Pará, Ana Júlia Carepa.

Sempre simpatizei com o PT. Nada de carteirinha ou voto de cabresto. Votei no Lula todas as vezes em que foi candidato, no Edmilson Rodrigues, Paulo Rocha... Mas sempre tive um carinho além-política por aquele que alguns da minha geração aprendemos a chamar de DR.ALMIR.

A primeira vez que ouvi falar dele deveria ter 12,13 anos. Foi o médico ousado que encarou uma cirurgia delicadíssima no esôfago de minha tia, quando ninguém queria realizá-la. São mais de 40 anos e ela está aí pra contar a história. Todos o elogiavam pela competência como cirurgião torácico no Hospital Barros Barreto.

Anos mais tarde ele ingressa na política como Secretário de Saúde Pública do Estado do Pará.

No final da década de 70 fui levada pelas mãos do jornalista (e meu primeiro chefe) Rubens Silva para a então Assessoria Especial da Prefeitura Municipal de Belém. Época da histórica rixa entre Alacid Nunes e Jarbas Passarinho. Cheguei na gestão de Felipe Santana, um militar da Aeronáutica (Brigadeiro, eu creio) em seguida substituído por Loriwal Reis de Magalhães, da Cosanpa. Depois veio Said Xerfan. Emanoel Ó de Almeida, à época presidente da Câmara Municipal, ficou interinamente até a posse de Almir Gabriel. Trabalhei pouco tempo com ele. Recebi o convite para ser revisora gramatical da Embrapa Amazônia Oriental e ele me incentivou a ir. Disse-me que ali teria mais futuro e fui. Mas nunca o perdi de vista.

Inquestionável o que fez por Belém. Irrepreensível sua liderança mesmo que na equipe estivessem profissionais renomados e que potencialmente poderiam não segui-lo. Forte, enérgico, sério, dedicado e muito inteligente. Este é o DR. ALMIR que ainda habitava no meu imaginário. Obviamente acompanhei as mudanças, a morte dos sem-terra em Eldorado dos carajás, a eleição de Simão Jatene, a ruptura, A sua ida para o Estado de São Paulo etc etc...

O que me surpreende e me choca neste momento é a mudança radical em nome do ódio ou da dificuldade em assimilar mudanças, recuar e abrir espaços para os que acabam de chegar. Nada justifica essa a aproximação de pessoas que até bem pouco tempo se tratavam de assassinos pra cima, que se ofenderam e que levaram muitos dos seus seguidores fiéis a se declararem inimigos mortais. Muitas relações, em nome dessa hoje aparente divergência política, foram rompidas. Como ficam os que sempre idolatraram o DR.ALMIR ? Do dia pra noite ele deixa de ser o líder, o comandante pra se tornar um “velho caduco” ? A coisa funciona assim ?

Mais do que o gesto dele me agride as mudanças de sentimentos. As de palanques já estamos acostumados a ver. Ele era de fato apenas um político que defendia interesses de grupos e de determinadas pessoas ou um homem que os seus seguidores admiravam ? É difícil demais pra mim, talvez por não vivenciar a política em sua plenitude, entender que da noite pro dia o DR. ALMIR, referência de hombridade, honestidade, competência, liderança, gestor especialmente para seu seleto grupo de admiradores, se transforme em um ser abominável que agora todos chutam como um cachorro morto.

sábado, 2 de outubro de 2010

FONTE-PROBLEMA EXISTE SIM !

Quando usei esta semana o termo fonte-problema, alguns colegas me procuraram indagando o que eu quis dizer com essa terminologia que nunca tinham ouvido falar. Por isso optei em escrever aqui, resumidamente, o que, em minha opinião, representa uma fonte-problema para os que fazem assessoria de comunicação.



Os colegas que permanecem nas Redações ou os que se dedicam mais á academia, talvez tenham dificuldade em avaliar na prática o papel de uma fonte falante, prepotente, arrogante e que acredita não necessitar da colaboração de nenhum outro profissional e principalmente se este for da área de Comunicação. Ele por si só se basta !


Essa nomenclatura se adapta muito bem àquele assessorado que está sempre à disposição dos colegas da Imprensa, mesmo sem saber do foco da matéria e normalmente acredita ser dispensável um contato prévio com os que fazem a assessoria. Refiro-me à assessoria cujo papel principal é agir e pensar estrategicamente e não mais aquela que apenas media, produz relise em abundância e marca entrevistas. Acredito no assessor de comunicação perspicaz, antenado, bem informado, que de tudo duvida e a tudo questiona e que inspira respeito e admiração de seu assessorado e não apenas subservientemente concorda com suas decisões nem sempre as mais acertadas.


Não é fácil deixar de ser operacional e tornar-se estratégico, pensante, pró-ativo. Pré-avaliar, acompanhar, analisar e pós-avaliar ações e reações é bem mais complexo e trabalhoso do que apenas comemorar a inserção da sua empresa em uma grande mídia. Porém, escolher a fonte que comandará a cena (às vezes quase um espetáculo tamanho são as encenações, cenários e até figurinos) é imprescindível para que a comemoração de fato aconteça. Sim, toda empresa tem sua fonte-problema ! Ou terão várias ?


A questão que se coloca em discussão neste momento é até onde o assessor de comunicação tem o poder de interferir na pré-avaliação sobre a pertinência institucional dessa ou daquela fonte ser exposta e falar em nome de um grupo tão grande. Naquele momento ela deixa de ser pessoal e passa a ser coletivo. Não usará mais o “eu”, mas o “nós”. Para alguns esse comportamento pode sugerir censura ou omissão. Mas sem hipocrisia, todos sabemos que os assessores de comunicação só existem porque as empresas preocupam-se com a sua imagem e certamente não os teriam se eles trabalhassem para denegri-la ou pelo menos não fortalecê-la.


O que fazer com um fonte (essa fonte problema !) se seu perfil é totalmente incompatível com o programa para o qual foi convidado; se expressa mal; seus resultados ainda são parciais e questionáveis, embora ele acredite que poderão um dia concorrer ao Prêmio Nobel e o pior de tudo: nega-se a ouvir o que o assessor de comunicação tem a recomendar, ignora por completo as recomendações de seus superiores e permite-se tudo, até dizer um monte de besteira.


Há fonte-problema que nem o melhor dos treinamentos do tipo media training surtem algum resultado. Acha que não tem mais nada a aprender, se rebela diante das ponderações do assessor. Quem de fato atua em assessorias de comunicação certamente sabe do que estou falando.


Com uma fonte-problema em evidência e sendo de interesse da Imprensa, o resultado final, todos os que atuam no dia-a-dia de uma assessoria de comunicação e de fato conhecem visceralmente essa atividade, já podem presumir: a matéria que tinha tudo para ser positiva se transformará, após a sua veiculação, em um grande problema. Ao invés de aplausos pelo fortalecimento da imagem institucional, provocará uma grande crise interna (e às vezes externa) e aí chega a hora de gerenciar uma nova crise.


Bem... mas isso é um novo capítulo.Mais uma atividade da nova (?) assessoria de comunicação.