Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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terça-feira, 24 de março de 2009

Preciso escrever .. me encontrar.. renascer

Estou sentindo um grande vazio e uma necessidade imensurável de escrever, de arrumar sentimentos, de entender emoções, de aliviar a ansiedade, de buscar no mais íntimo de mim o que me parece nem existir.
Talvez achar a Ruth que se perdeu no caminho.
As tarefas que inicialmente pareciam ser bem menores em uma cidade mais tranqüila, o dia-a-dia que tinha tudo pra ser mais prazeroso, menos estressante de repente se mostra tão ou mais efervescente e inadministrável. Deve ser o peso da responsabilidade ou a constatação irrefutável de que nada é mais como antes.
Tenho estado extremamente perturbada com a vida “nova” que se abriu diante de mim. Algumas vezes brindo a oportunidade de estar em outra cidade, conhecendo novas pessoas, experimentando e comparando o novo com minhas raízes e quase sempre constatando que Belém, definitivamente, está há muito abandonada. É uma junção de governos individualistas e irresponsáveis que deixam agora à mostra para o Brasil inteiro a podridão das feridas da segurança (?) pública, da saúde, da educação, do transporte...
Sinto saudade, mas não quero voltar !
Difícil mesmo é me aceitar. Vejo-me mais fria, mais egoísta, menos generosa, menos humana. Talvez esteja me vendo como nunca me vi. Um espelho que mostra que sou também frágil e que se controlo os que amo não o faço por mal, mas que não faz bem a ninguém. Tenho medos, inseguranças, desamores, decepções e muitas, muitas frustrações.
Estou petrificada diante de um ser que se pergunta insistentemente a ponto de doer a cabeça ou não dormir e que caminha a passos lerdos em busca de não sei o quê e nem para onde. Meio sem rumo, meio perdida.
Enxergando a mim e às pessoas provavelmente como elas sempre foram, mas que meu mundo colorido não me permitia ter essa visão grotesca e assustadora.
Afinal que respostas busco ? Sei de antemão que o Manoel não voltará, mesmo que o veja em breves alucinações na multidão dos shoppings ou mesmo chegando em casa; os amigos de Belém já não me telefonam pra sair, pra participar de eventos e os poucos que ainda me procuram cada dia mais os contatos ficam espaçados; o trabalho já não é prazeroso, perdi minhas referências, mudei e encontrei pessoas diferentes, uma diversidade que passa pelo cultural e me choca, me surpreende, me assusta e me entristece.
Sinto-me desanimada e cansada. Exigente demais comigo e com as pessoas, não tolerando tanto, não aceitando pacificamente, não sendo a compreensiva de sempre. Me desconheço ao final do dia. Exausta de não sei o que, infeliz não sei porque e descrente de que ?
O analista que começo a frequentar acredita que há muitos motivos para eu me sentir assim. Voltei à psiquiatria para, através da ciência, talvez encontrar algumas explicações. Perda do marido-companheiro-paizão, retirada brusca de meu chão, minhas raízes, falta de adaptação no trabalho, mudança do filho para outra cidade, afastamento dos amigos. Ele acha muito ! Eu também, mas sei que preciso viver cada dia de uma vez e entender que nada mudará. Este é meu “novo” mundo.
Tento me habituar a este novo cenário. A casa que parece uma réplica de Belém está bonita, mas não tenho o mesmo entusiasmo de antes; os colegas de trabalho são pessoas interessantes, mas dificilmente serão amigos; o Raul já não dorme e acorda na mesma casa que nós e já não produzo como antes profissionalmente.
Tenho ainda me defrontado com pessoas que há muito estão na minha vida e que só agora pareço de fato conhece-las. Eu era cega ou estou vendo o que não existe ?
Estou sensível demais e intolerante para palavras, atos, gestos.
Relevava mais...
Percebo-me impaciente, intolerante e buscando incessantemente uma paz que parece cada dia mais distante.
Nem mesmo as aulas que estou ministrando, o convite para continuar na diretoria da Associação Brasileira de Jornalismo Científico, os passeios que estou tendo oportunidade de fazer, os lugares novos que tenho o privilégio de conhecer tem me encantado ou as conquistas dos filhos que me enchem de orgulho, mas parecem também difíceis de serem digeridas, já que significam uma nova partida, um novo corte de cordão umbilical.
Uma noite qualquer, onde o tempo sobrava e o gato preto que nos acompanha desde Belém veio se deitar ao meu lado na cama, pensei alto (ou talvez tenha conversado com ele): o Manoel já não deita mais aqui, o Raul está longe, a mamãe já dormiu e a Anaterra está lá, no outro quarto, envolvida com a amiguinha. É Nhau .. só sobrou você !
Fiquei com raiva de sentir piedade de mim, de não entender que esta é uma fase, que é preciso eu insistir e superá-la. Viver esse presente que não é tão ruim assim, priorizar o que há de bom, esquecer dos que me incomodam, deletar os que me fazem mal e brindar aos que ainda existem, ao que ainda restou.

3 comentários:

DORIS disse...

Então...ando sem grandes inspirações pra escrever,tão assoberbada,ansiosa,sem conseguir planejar o MEU dia seguinte,tenho tentado reverter anos passados de uma pessoa individualista a ser boa ouvinte,companheira ,solidaria,prestativa.Mais quero dizer que esse tempo de saber quem de verdade merece ser chamado de amigo,de pesar a vida,ver a vida um pouco como expectador...rara oportunidade.Como sempre conversamos,continuo acreditando nas pessoas,claro que algumas são descartaveis sim.Acho que esses altos e baixos de nossos dias,nos fazem fortes,nos preparam pras adversidades e alegrias tbem.Minha torcida,nossa torcida e sempre pra que fiques bem.La atraz,aqui,se disssestes como um trator,cor de rosinha ta bom,e passando pelas adversidades com merecimento,competencia,por justiça mesmo.Fica com Deus,sempre sempre.

Anônimo disse...

Vi, lembrei. Impressionei. Sentí. Reviví. Y me asusté.

Anônimo disse...

Amiga, espero que tudo dê certo. Estou aqui. Bjs
Ieda Jucá