Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O recomeço

Como um filme velho, retorno ao passado, vejo-me jovem, aos 27 anos, chegando na Embrapa Amazônia Oriental, o então CPATU. Levada pelas mãos do Furlan, então chefe técnico, fui apresentada a quase todos. Nervosa, assustada e cheia de dúvidas me deixei levar por aquele que aparentemente parecia uma fera, um ditador, mas que com o passar do tempo descobri ser um dos mais generosos da Unidade. Nem sabia exatamente o que faria naquele mundo completamente novo que se abria pra mim. Uma chegada casual, motivada principalmente pelo salário atraente, indicação do colega jornalista Raimundo José Pinto. Nunca imaginei que ficaria atrás daqueles muros, desvendando os segredos amazônicos por tanto tempo e muito menos o que me aguardava. Hoje sei que metade da minha vida ficaria atrelada àquele mundo. Além do Manoel me esperando pra ser tornar o pai dos meus filhos, fiz grandes amigos que agora, mesmo distantes, continuam participando ativamente da minha vida.
Neste momento revivo cada contato inicial como a apresentação ao Walterlino que me deixou ruborizada. Ele recordou que me conhecia desde criancinha quando eu ia pegar picolé quebrado na mercearia do “Seu” André que ficava na esquina da Conselheiro Furtado com a José Bonifácio. Ele era o balconista. Quis morrer...
Retornam tamb[em as primeiras grandes dificuldades que quase me levaram a desistir como a revisão do primeiro livro do pesquisador Cristo do Nascimento. Muita exigência, muita cobrança, muita insegurança.
Já não tenho mais 20 anos, mas a história se repete. Hoje oficialmente recomeço minha vida profissional. Com bem menos sonhos, mas com bem mais experiência. Esses seis dias que passei em Brasília de alguma forma fizeram parte desse novo momento. Fui pela primeira vez para a exposição Ciência para Vida como visitante, sem maiores compromissos. Estive na primeira edição, na segunda, terceira e nesta décima. Oportunidade única de rever amigos, colegas antigos e me permito ainda conhecer as novidades, ter o privilégio de ver a modernidade chegando na proposta quase infantil, meio Feira de Ciências escolar, de tantos anos atrás.
Abracei e fui abraçada, ri e fiz rir e chorei diante do espetáculo de fogos que marcou o encerramento. Inevitável a comparação com a Transladação do ano passado quando juntos assistimos a passagem da imagem de Nossa Senhora de Nazaré nas arquibancadas da praça Waldemar Henrique. Emoção latente, tinha descoberto há poucos dias o meu câncer e o Manoel fez sua prece silenciosa por mim. Um abraço apertado e os olhos úmidos denunciavam o que se passava em seu íntimo. Nunca poderia supor que eu, este ano estaria aqui, quase saudável e ele partiria na minha frente. Enquanto a Santa não chegava, tomava suas latinhas, comia o que queria, enquanto eu me resguardava para enfrentar o que viria pela frente. Ahhh como dói recordar...Chorei muito e tive como ombro amigo a Alethéa, colega do Sac e a pesquisadora Tatiana Sá, atualmente na diretoria. Elas compreenderam, quase sem eu falar nada, o que estava sentindo. Era a cultura misturada com a religiosidade e mescladas de muita saudade. A Tatiana disse, enquanto tentava me consolar, que ainda não conseguira ir à praça da República quando vai a Belém. Aquele lugar, segundo ela, é a “nossa cara” e ainda dói.
Além da Embrapa pude me realimentar no carinho explícito e algumas vezes apenas sutil, mas nem por isso menos intenso, da Ana Laura, Vinicius e Renata. Muita conversa, muitos risos e a permissão para viajar no passado, falar tudo e sobre tudo sem receio, sem repressão, sem medo. Pensar alto sobre o que a vida me reserva ainda, os temores pela proximidade com a morte, a preocupação com o futuro dos filhos que agora substitui o quase pânico que tinha em Belém com a violência. Mudei a forma de ver a vida deles. Estou menos ansiosa com a chegada e mais focada no que farão quando chegar o meu momento de ir. Troquei o presente pelo futuro. O Raul chegou a me perguntar claramente: mãe tu achas que vais morrer agora ? Talvez, inconscientemente acredite que sim e por isso tenho me concentrado em atualizar documentos, regularizar pendências, prepará-los para quando eu for também.
Brasília me propiciou ainda saídas que há meses não aconteciam, que não me permitia. Fui a um bar, tomei vários chopes em companhia do Marcus, um amigo de Belém. falei muito de mim e depois dos copos a mais, fiz confidências e no dia seguinte acordei de ressaca, preguiçosa. Uma doce e deliciosa desobediência médica.
Agora recomeço uma nova fase, em uma nova Unidade, reaprendendo quase tudo. Entrei de manhã cedo com o pé direito, vesti verde pra dá sorte e pedi a proteção de Nossa Senhora de Nazaré para que encontre a mesma realização e prazer que marcaram meus anos na Embrapa em Belém.
Nova Unidade... Nova vida ... A fila anda ...

3 comentários:

Anônimo disse...

Rutíssima,
Sorte da Instrumentação por ter você na equipe!
Beijo
Sumara

Anônimo disse...

Desejo tudo de lindo na sua vida...que você tenha muita saúde.
Fique com Deus...ele tudo pode..
beijo no coração

Adriana

Anônimo disse...

Olá Ruth, meu nome é Nilde, tb de de Belém. Estava procurando uma foto de N.S.de Nazaré p/ colocar no meu orkut e... Um dia tive um blog, mas como o trabalho me absorveu, dei um delete.
Passei algum tempinho aqui hoje, espero voltar em breve. As benções da Santinha p/ Você. Considere-se abraçada.Bom te ler!

nildes.consultoria@hotmail.com