Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Buscando a rotina

Já em terra, depois de ter dormido bem, ter encontrado uma pessoa dócil, solidária e disponível, agora tento planejar meus dias futuros. Sinto-me ainda meio perdida, sem saber exatamente o que acontecerá nos próximos dias. A Vera e sua filha Júlia me acolheram em sua linda casa como se fôssemos velhas amigas e não apenas colegas de trabalho. Um quarto delicioso, uma cama confortável, um ambiente fraterno, tudo o que preciso neste momento. A Embrapa tem dessas coisas ... Trabalhar na empresa passa a ter uma conotação de entrar em uma grande família. Passamos a ser reconhecidos como parentes, mesmo os que nunca se encontraram. Uma parceria que extrapola o trabalho em si e que invade nossas vidas. Estou comprovando isso mais uma vez !
Hoje tive que agilizar, por conta própria os trâmites burocráticos entre a Unimed Campinas e a clínica. Sabia que tinha que vir pra cá. Como em qualquer lugar do Brasil a burocracia prevalece, mesmo que do outro lado esteja a doença. Obstáculos inadmissíveis A autorização já existia, mas não fora enviada no malote. Amanhã, quem sabe, me falou com delicadeza a jovem atendente. Amanhã ? Nunca !! Um dia para um documento chegar na mesma cidade ? Vou apanhá-lo então. Depois da minha proposta meio inusitada, resolveram enviar um segundo malote e à tarde a autorização finalmente chegou. Farei a tomografia, depois a programação e enfim as sessões de radio. Começo a achar que ficarei aqui bem mais tempo do que imaginava. Tenho medo de não suportar a saudade...
Uma saudade que hoje é amenizada com tantas demonstrações de carinho. Pela Net ou telefone e que foram desencadeadas pela belíssima homenagem que o Elias Pinto fez ontem, em sua coluna, no jornal Diário do Pará. Amigos que não precisam estar sempre ao nosso lado, mas que sabemos fiéis, presentes. Chorei com a demonstração pública de carinho, mas espero que essa exposição que assumo ser consciente, tenha resultados muito além da minha felicidade particular, no prazer em me descobrir tão querida, tão amada. Desejo, sem nenhuma hipocrisia, que os que podem mudar essa triste realidade de Belém também tenham lido o Diário de ontem e que não apresentem tão somente aquelas frases feitas que nada mudam neste cenário macabro de abandono.
Pessoas que estão longe enviaram suas doces e carinhosas mensagens como o Ricardo Figueiredo, da Embrapa de Belém, que me escreveu da Georgia (USA) onde faz pós-doutorado; o Miguel Oliveira de Santarém, a Lourdinha Bezerra pelo telefone de manhã cedo e outros que não conheço, mas que se solidarizaram com a causa ou viveram algo parecido.
Não quero piedade, mas apenas usar a arma que mais conheço: a imprensa, a manifestação pública, o direito de se posicionar. Estou bem porque tenho um câncer em uma fase inicial, com bons prognósticos, grande possibilidade de cura, oportunidade de viajar para um centro com mais recurso, um bom emprego, muitos amigos e colegas, um marido presente, um pai moderno e participativo, uma mãe que olha pelos meus filhos, uma senhora que nos ajuda nos trabalhos domésticos há 15 anos, irmãos, cunhada e dois filhos que estão amadurecendo mais rapidamente, mas que não surtaram, que estão enfrentando esse momento com maturidade e seriedade. Mas e os outros ? Quantos têm tantos privilégios ? Quantos podem se dar o luxo de estar sendo abençoada em todos os aspectos ? Quantos têm o direito a lutar pela vida como eu estou fazendo ?
Agora é me preparar e rezar para que tudo corra mais rápido e os dias, que ainda não comecei a marcar no calendário, passem rapidamente.
A Internet está sendo uma grande aliada para minimizar a saudade. Pela manhã conversei com a Anaterra e há pouco com o Raul. Infelizmente só não posso abraçá-los...

2 comentários:

Unknown disse...

Oi amiga, senti saudades suas e resolvi passar por aqui para saber de você.Sei que a saudade é grande, de sua família e de seus amigos...Mas lembre-se: que bom que você os têm. Já imaginou não ter de quem sentir falta?! Ou mesmo não ter essas demonstrações de carinho que você vem tendo?! Você é muito querida, e sabemos que tudo irá durar o tempo necessário, mas que passará muito rápido e estaremos todos aqui, para comemorar com você. Te amamos!!! Beijos meu e do Miguel!

BLOG da PENELOPE disse...

Olá querida,cada dia te admiro mais sabia?Tão grande é tua generosidade e sabedoria. Tem o dom de transformar um momento delicado em uma ferramenta para ajudar o próximo. Tenho muito orgulho de ser sua aluna. Sempre que leio os seus textos tenho orgulho em falar: " Essa é a minha querida professora Ruth!"Deus te iluminará sempre!Beijos!

VERÔNICA