Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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sábado, 19 de janeiro de 2008

A reinstalação do medo

O ultimo mês (parte de dezembro e o início de janeiro) estive envolvida em tantas coisas ao mesmo tempo que parecia ser outra pessoa olhando-me à distância. Vivi tudo muito intensamente, viajei demais, trabalhei, aprendi muitas coisas novas. De 17 de dezembro a 15 de janeiro passei exatos 19 dias fora de Belém : Brasília, Pirinópolis, Ajuruteua e Cuiabá levaram-me para longe da cidade e também para bem distante deste mundo real que me assusta e agora faz com que o medo se reinstale.
Deve ter sido uma fuga inconsciente. Fui atrás de uma outra Ruth. A feliz, a que ri facilmente, a que sonha, a que ajuda, a que estuda, a que conversa e faz amizades facilmente. A que se encanta com as descobertas e se realiza nos outros. Precisava me sentir viva para não temer demais o que sabia, previamente, estava me aguardando. Agora não posso mais me iludir : a cirurgia em breve acontecerá, o pós-operatório terá dores, incômodos, limitações; se os lifonodos estiverem comprometidos terei que esvaziá-los e deixar de usar o braço esquerdo; se outros nódulos tiverem surgidos significará uma grande tendência a recisivas; o material a ser retirado ainda dará mais informações (boas ou muito más) que subsidiarão os demais médicos que ainda serão incluídos neste já grande time de profissionais.
Olho meu seio, toco, acaricio e imagino as mudanças que estão se processando nele. Não externamente (essas devem ser para melhor a partir da plástica), mas internamente. O que essas células malucas podem estar fazendo com ele ? Até onde podem estar decidindo meus próximos anos de vida ? Seios que sempre gostei de deixar meio à mostra, que sempre valorizei como ponto feminino, que amamentou meus filhos, que já me deu tanto prazer.
Ahhh sei que preciso manter a calma e quando a tristeza se apossa de mim, tenho uma fuga: fecho os olhos e revivencio o que de bom aconteceu nesses dias mais recentes: as pessoas, os lugares novos, a chuva que sempre me acompanhou em todos os lugares e que deixei me molhar como se fosse possível levar de mim o que de ruim se instalou, os peixes deliciosos, o artesanato, as discussões profissionais, a perspectivas de novos horizontes de trabalho, a esperança renovada da cura, o otimismo e apoio de pessoas que acreditam que tudo passará, os planos (que preciso acreditar !) estão apenas sendo adiados.
Fico sensível demais, estressada demais, chorona demais. Difícil esconder o quanto estou frágil, o quanto me assusta encarar de frente que minha vida, muito em breve, vai mudar tanto.
Preciso enxergar tudo de outro jeito. Sei disso !! Mas nem sempre eu consigo....

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