Obrigações maternas levaram-me hoje ao Colégio Gentil Bittencourt. Entrei na capela. Assim como a instituição de ensino, ela tem mais de 200 anos. Pequena, meio escura, vitrais antigos homenageiam (hoje reparei!) apenas santas. Não há nenhum santo entre os escolhidos.
Entro, sento, rezo e choro. Não consigo reprimir ou mesmo disfarçar a emoção que toma conta de mim quando me sinto invadir por aquele ambiente.
Estava sozinha. Eu e as imagens, eu e aqueles bancos de madeira de lei. Eu e muita energia.
Ali está uma das três imagens oficiais de Nossa Senhora de Nazaré. A única que tem um arco de luzes constantemente acesas a sua volta. Reinando na penumbra.
Conversei durante minutos com a pequena imagem. Simbolismo. Mãe das mães. Como se fóssemos velhas amigas e Ela pudesse entender minhas aflições, meus medos, minhas angústis, minhas preocupações. Mas também percebesse em minhas lágrimas a fé, a esperança, a alegria de estar viva, a crença de que tudo será mais leve do que imagino, do que a minha criativa e doente mente me faz fantasiar, antecipar.
Rezei com fé. Pedi com humildade por todas nós e principalmente pelas pessoas que tenho acompanhado na comunidade do Orkut que unem-se pela dor, pela similaridade, pelo caminho turtuoso que hoje são tão iguais. Uma vitória a cada dia. Uma nova batalha a cada hora. E a fé inabalável na cura, na vontade de viver.
Gosto de percorrer aqueles corredores centenários, observar cada detalhe da arquitetura, deter-me nas portas, janelas, grades, desenhos.
Sei que meu olhar agora é mais atento. Vejo o velho com um olhar novo. O velho-novo, o novo-velho repaginado.
Saí mais leve, mais aliviada, mais plena.
Mas pedi, acima de tudo, pelos filhos. Sempre eles os primeiros do topo, os que nos perturbam, preocupam, angustiam e nos fazem imensamente feliz.
Impulsionam à vida, leva-nos a crer no futuro e a ter saudade do passado.
Eles.... sempre eles ...
Quem sou eu
- Ruth Rendeiro
- Belém/Ribeirão Preto, Brazil
- Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte
Aos que me visitam
Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.
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