Quem sou eu

Belém/Ribeirão Preto, Brazil
Amazônida jornalista, belemense papa-xibé. Mãe, filha, amiga... Que escreve sobre tudo e todos há décadas. Com lid ou sem lid e que insiste em aprender mais e mais... infinitamente... Até a morte

Aos que me visitam

Sintam-se em casa. Sentem no sofá, no chão ou nessa cadeira aí. Ouçam a música que quiser, comam o que tiver e bebam o que puderem.
Entrem...
Isso aqui está se transformando em um pedaço de mim que divido com cada um de vocês.
Antes de sair me dê um abraço, um afago e me permita um beijo.

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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Quase uma rotina

Sinto-me como se estivesse suspensa no ar. Como se minha vida estivesse estagnada no tempo esperando o apito pra reiniciar o jogo.
Hoje fui à Embrapa. Trabalhei normalmente (ou tentei!). Preciso concluir uma edição do jornal que edito há mais de 18 anos. Não quero sair de cena e deixá-lo inacabado. Falar sobre a doença é inevitável. Alguns colegas agem naturalmente, têm curiosidade sobre como estou, quais serão os próximos passos. Outros, leio nos olhos ou nos afagos mais demorados, sentem mais, parecem sofrer. Não quero me impressionar. Pretendo voltar depois, não penso em me afastar por aposentadoria ou outro motivo. Por isso minha sala continua do mesmo jeito. Tudo no seu devido lugar.
Selecionar e legendar fotos; dar títulos às matérias, revisá-las, adequá-las aos caracteres disponíveis ocupou minha cabeça. Mas o sentimento de que há algo preocupando demais não me deixa. Fica só adormecido, meio sonolento dentro de mim, mas não me abandona.
Amanhã vou ao clínico geral. Quero uma avaliação completa, holística. Não quero que me vejam só o seio ou só o fígado. Quero que me olhem inteira com o que há de bom e o que há de ruim e ao final me mostrem um caminho.
Sinto-me confusa com diagnósticos precoces e sem embasamentos, com decisões que não consigo entender. Não quero fazer nada que eu não saiba exatamente o que é. Sei que os médicos são eles. Mas eu, como paciente, tenho todo o direito de decicir, de avaliar, de dizer o que quero que façam com meu corpo. Ele me pertence !
Estou nervosa com o encontro (o cara é bom. Eu sei disso !), mas também acreditando que finalmente vou ter uma noção mais exata do que me espera e assim deixar minha vida seguir, me planejar, poder enxergar os próximos meses, reiniciar o jogo interrompido há quase um mês.

Um comentário:

Soraya Pereira disse...

Ruth,
Penso muito em você! Nas areias de Copacabana encontrei este poema de Mário Quintana sobre o que a vida traz e o que a vida leva...


O que o vento não levou

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:

um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...



beijocas,
Soraya